Redação (19/06/2008)- As três geadas seguidas registradas nesta semana elevaram os preços do milho em 10% no Paraná antes mesmo de técnicos e produtores chegarem a um consenso sobre a proporção das perdas. O produto, que já vinha em alta por causa das chuvas que afetam os Estados Unidos, deve ficar ainda mais caro. As previsões são de mais gelo para a próxima semana.
As geadas chegaram quando 86% das lavouras de milho safrinha – que se estendem por 1,6 milhão de hectares – estavam vulneráveis. Essas áreas estão em desenvolvimento (3%), floração (30%) e frutificação (53%). Teoricamente, escaparam os 3,5% já colhidos e os 14% em maturação, informa o Departamento de Economia Rural (Deral) da Secretaria Estadual da Agricultura e Abastecimento.
“O atraso no plantio elevou as perdas neste ano, que podem ser maiores que as de 2007. Mas, temos que esperar a avaliação das lavouras para conheceremos a proporção dos estragos”, afirma a agrônoma Margorete Demarchi, do Deral. As chuvas que devem cair nos próximos dias tendem a agravar a situação e prejudicar a qualidade do grão.
No ano passado, a mais forte geada ocorreu em 31 de maio. O milho safrinha foi atingido pelo gelo com três semanas de antecedência do que neste ano. Ou seja, os dois quadros são similares, considerando o atraso no plantio do cultivo atual. As perdas registradas naquela época foram de 6%. Esse porcentual pode ser maior neste ano, principalmente se a geada da semana que vem for mais severa que a dos últimos dias, como prevêem os meteorologistas. Considerando a previsão de produção 6,7 milhões de toneladas na safrinha, perdas de 6% representariam 400 mil toneladas de milho a menos no mercado.
O quadro sustenta alta nos preços em todas as regiões do Paraná. As perdas foram maiores no Oeste e Sudoeste, principais produtoras de safrinha. Nas regiões Noroeste e Norte, a geada ocorreu com menos intensidade. No dia 5 de junho, o milho estava a R$ 18,81, em média, no Paraná. O índice subiu a R$ 19,60 na última sexta-feira e, ontem, alcançava R$ 21,59. A elevação em 13 dias foi de 15% – dois terços nos três dias de geada. A soja teve elevação menor no período, de 12,4%.
As geadas podem ter provocado perdas também no trigo, porém bem menores que as do milho. Isso porque a triticultura é mais adaptada ao inverno e apenas 7% do total cultivado – que neste ano chegou a 1,08 milhão de hectares – segue em estágio frágil a temperaturas negativas. A maior parte desta área suscetível fica no Oeste, uma das regiões mais atingidas pelo frio.