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CNA defende políticas compensatórias para evitar a derrubada de árvores

Segundo representante do orgão, seria hipocrisia dizer que a expansão da soja e da pecuária não influenciou no desmatamento da Amazônia nos últimos cinco meses de 2007.

Redação (25/01/2008)- A Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA) entende que o desmatamento na Amazônia só será controlado de forma adequada se o governo federal não se preocupar apenas em punir, mas oferecer políticas compensatórias para que os produtores evitem a derrubada de árvores. A tese foi defendida hoje (24) pelo presidente da Comissão Nacional de Meio Ambiente da CNA, Assuero Veronez, em entrevista à Agência Brasil.

“Na hora em que a floresta de pé valer mais do que a floresta derrubada, vamos conseguir consolidar números para baixo e atingir o desmatamento zero”, afirmou Veronez. Ele ressaltou, entretanto, que não enxerga, da parte do governo, disposição para discutir uma legislação ambiental “condizente” com a importância do agronegócio para o país: “Há muita ideologia e ignorância”.

Para Veronez, seria hipocrisia dizer que a expansão da soja e da pecuária não influenciou no desmatamento da Amazônia nos últimos cinco meses de 2007. Ele relativizou a dimensão dos 3.235 quilômetros detectados como devastados pelo Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE): “Não é para causar tanta comoção. Historicamente, não é muito. Houve uma redução significativa do desmatamento na região nos últimos três anos, e acredito que isso não vá retroceder.”

Sobre a afirmação do secretário executivo do Ministério do Meio Ambiente (MMA), João Paulo Capobianco, de que o desmatamento real de agosto a dezembro de 2007 poderia chegar a 7 mil quilômetros quadrados, quando medido por imagens de satélite mais detalhadas, Veronez disse: “Não trabalho com suposição”.

Segundo ele, os erros da política ambiental do governo federal seriam a preocupação “excessiva” com punição e a criação de grandes unidades de conservação ambiental sem necessidade ou condições ideais de administrá-las. “O grande latifundiário da Amazônia é a União, que tem 75% das terras. As propriedades particulares respondem apenas por 25%”, ressaltou.

Veronez disse que existem 800 mil pequenos proprietários de terra na região amazônica que recorrem ao desmate por não terem alternativas de sobrevivência. Os níveis de produção de lá seriam defasados em relação a outras regiões do país: “Temos que levar tecnologia para que eles melhorem a produtividade.”

O presidente da Comissão Nacional de Meio Ambiente da CNA não acredita que os grandes latifundiários estejam envolvidos de forma predominante no desmatamento da Amazônia: “Pode estar ocorrendo algo, mas os grandes proprietários não têm vontade de afrontar a lei para desmatar. Os mecanismos de controle são eficientes, e eles podem responsabilizados com pesadas multas.”