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Cuidados antecipados na Avicultura

A União Brasileira de Avicultura, UBA, finalizou a elaboração do plano integral de rastreabilidade que será entregue nesta quarta-feira ao Ministério da Agricultura.

Redação (27/02/2008)- Em meio à crise de sanidade no mercado de carne bovina, a avicultura se antecipa para evitar restrições comerciais a um mercado que só em 2007 obteve uma receita de US$ 4,9 bilhões.
A União Brasileira de Avicultura, UBA, finalizou a elaboração do plano integral de rastreabilidade que será entregue nesta quarta-feira ao Ministério da Agricultura – Mapa.
De acordo com o vice-presidente técnico científico da UBA, Ariel Mendes, o programa permite saber a origem do corte, o tipo de procedimento ao qual o animal foi submetido no que se refere a alimentação e medicamentos e ainda irá abranger o controle de resíduos da carcaça. "Os frigoríficos já fazem essa prevenção usando um protocolo próprio, mas é necessário oficializar. Isso vai dar mais respaldo à exportação brasileira", afirma.
O técnico garante que o plano será mais aprimorado que o Sistema de Rastreabilidade da Cadeia Produtiva de Bovinos e Bubalinos (Sisbov) e sua implementação deve ocorrer com maior rapidez por se tratar de uma cadeia tecnicizada, com mais de 85% da produção integrada. "O programa deve estar vigorando em no máximo um ano, prazo necessário para englobar as pequenas empresas, mas a maior parte tem condições de iniciar o programa em um prazo de 60 dias", avalia.

Uma das principais demandas do setor é uma maior intervenção do governo na formalização dos dados. Mendes ressaltou que nos últimos cinco anos muitos ajustes foram feitos em razão da ameaça da gripe aviária, mas a estrutura de laboratórios deve ser ampliada, pois muitos testes têm de ser feitos em laboratórios oficiais, e ainda é preciso definir postos de controle nas fronteiras dos estados.
"Também é necessário reforçar as vistorias no campo, pois há uma boa estrutura nos frigoríficos, mas falta veterinário do Mapa para avaliar", diz Mendes.
Na reunião, além de apresentar um plano de rastreabilidade oficial também será discutido um programa de bem-estar animal, exigido pela Europa e pelo Oriente Médio, e o programa de controle de resíduos em ovos.
Segundo o diretor técnico da Associação Paulista de Avicultura – APA, José Bottura, esse programa deveria estar em vigor desde novembro do ano passado, mas, além de não ser liberado, as análises laboratoriais colhidas pelo Mapa para serem apresentadas aos parceiros comerciais continuam sendo pagas pela iniciativa privada.
"O País está exportando, mas os custos e as despesas são da iniciativa privada. Não é um plano nacional, é um plano privado nacional", afirma. "Cada análise custa em média R$ 250, e são feitas 60 mostras por ano com 34 resíduos, totalizando 2040 análises e R$ 510 mil gastos anualmente", completa.
O Estado de São Paulo está investindo no Plano Nacional de Prevenção da Influenza Aviária e de Controle e Prevenção da Doença de Newcastle. Em 2007, quando houve a primeira avaliação, os estados produtores, exceto Santa Catarina, receberam avaliação C, que garante o status sanitário, mas mostra que são necessários ajustes.
Entre as medidas tomadas pela Secretaria de Agricultura do estado, o coordenador do Programa Estadual de Sanidade Avícola, Fernando Buchala, destaca o cadastramento de cerca de 5 mil estabelecimentos agrícolas, habilitação de 125 veterinários da iniciativa privada habilitados para emissão de Guia de Trânsito Animal – GTA e a criação de um sistema para trânsito interestadual restringindo 14 corredores sanitários. "Até maio vamos dar entrada com um novo dossiê sanitário solicitando ao Mapa uma nova reclassificação onde esperamos obter o conceito B", diz Buchala.
A Aurora Alimentos, terceira maior agroindústria do País, está introduzindo um sistema de rastreabilidade para aves, aprimorando o programa que já mantém com suínos. Mário Lanznaster, presidente da empresa, garante que 5% do faturamento dos últimos cinco anos foi destinado à sanidade da empresa com destaque para a rastreabilidade. "É um valor de investimento alto, mas necessário, se não tiver rastreabilidade as conseqüências podem ser graves", analisa. Hoje a cooperativa abate 9 milhões de frangos por mês e o faturamento em 2007 foi de R$ 2,2 bilhões.