Fonte CEPEA

Carregando cotações...

Ver cotações

Dieta com vitaminas acelera o processo de criação de aves e suínos

O tempo necessário para a criação dos animais vem sendo reduzido ainda mais, confirmam as indústrias do setor.

Redação (17/06/2008)- Os preços do milho e do farelo de soja – em alta desde 2006 – estão mudando a dieta de aves e suínos. E não é só pelo uso de alternativas como o sorgo na indústria de ração, mas também pela adoção cada vez maior de aditivos como enzimas, que prometem melhorar a digestação e, conseqüentemente, a conversão do alimento em carne.

O tempo necessário para a criação dos animais vem sendo reduzido ainda mais, confirmam as indústrias do setor. Em 2007, os leitões chegaram a 100 quilos com 144 dias – 5 dias a menos que em 2000. Já o frango criado nos aviários mais estruturados alcançou 1,7 quilo em 34 dias, prazo recorde e até 6 dias menor que no início da década.

Enzimas reduzem o tempo de alojamento e, como consequência, o custo de produção.

Viabilidade do frango em xeque

A elevação dos custos podem estar tornando a produção de frango inviável no Paraná, sugere a federação dos sindicatos rurais do Paraná, a Faep. A Comissão Técnica de Avicultura da entidade fará neste mês um levantamento para dissolver essa dúvida. O resultado deve ser conhecido em julho. A importância do estudo não está relacionada só à sustentabilidade da estrutura já implantada, mas também aos investimentos que vêm sendo feitos no setor, defende o presidente da comissão, Amarildo Brustolin.

Os custos de instalação de um aviário são relativamente altos— R$ 230 mil para um galpão de 1,7 mil m2 – e o o investimento normalmente é recuperado num prazo de cinco a oito anos. A elevação dos preços é bandeira também dos frigoríficos do estado, que ampliam as exportações e esperam reduzir a oferta de carne no mercado interno. (JR)

O nutricionista Gustavo Lima, da Embrapa Suínos e Aves, que acompanha pesquisas sobre enzimas desde 1979, conta que houve grande evolução na purificação dessas substâncias e que, hoje, elas são capazes de fazer um leitão digerir pasto tão bem quanto um touro. “As enzimas ajudam o animal a expressar ao máximo seu potencial genético com a alimentação que recebe”, explica. Os animais tratados com enzima retêm 4% mais energia da ração, compara.

Ele afirma que não há perda de qualidade na carne com o uso desses produtos, mas indica que essas substâncias não são a única solução para melhorar a conversão e reduzir, assim, o consumo de ração. “Antes, é possível melhorar o sistema de produção, a limpeza do ambiente em que os animais vivem e planejar bem a atividade”, cita. A partir daí, o aconselhável é testar as enzimas, para avaliar localmente seus benefícios.

Se depender do aumento nos custos de produção, o uso dessas substâncias será cada vez maior, avalia o diretor-executivo do Sindirações, o nutricionista Ariovaldo Zanni. O custo médio da tonelada de ração (considerando as diferentes composições e preços e sua importância no mercado brasileiro) passou de US$ 140 para US$ 240 entre 2007 e 2008 (janeiro) e, do início do ano para cá, subiu para US$ 335, relata. “Os preços não vão mais voltar aos patamares anteriores à escalada de reajustes que ocorre desde 2006.” A alimentação representa dois terços dos custos de produção de frangos e suínos.

Zanni conta que as indústrias começam a substituir milho por sorgo em algumas rações e, para manter o mesmo índice de conversão do produto em carne, tornou-se necessário “o uso maior de vitaminas, aminoácidos e enzimas”. “As enzimas, que eram consideradas perfumaria pelos nutricionistas, ganharam importância diante do desequilíbrio do mercado. Hoje são levadas a sério”, avalia.

A multinacional Alltech, por exemplo, prevê aumento de 50% na venda de aditivos para a alimentação de frangos neste semestre. A meta da empresa é ampliar sua participação no setor no Brasil de 8% para 12%. A razão para essa confiança: a alta de cerca de 35% nos custos dos aviários, provocada principalmente pela elevação das cotações dos grãos. Segundo a Alltech, esses aditivos proporcionam economia de até R$ 15 por tonelada de ração (3%).

O gerente nacional de avicultura da empresa, Reginaldo Padovani, afirma que essa redução já considera o custo das enzimas. Ele defende que os produtos complementam a evolução genética e nutricional observada nas últimas décadas, que viabilizam a produção de carne a custos cada vez menores na comparação com sistemas tradicionais de criação (galinha no terreiro e porco solto no barro).