Da Redação 18/05/2004 – 06h33 – Mais de 5 mil agricultores de todo o país vieram até Ponta Grossa, no sul do Paraná, para participar da Jornada Agroecológica. José da Rocha, por exemplo, veio da Paraíba.
“O importante em todo o Brasil é somar as forças para que os nossos governantes possam nos ouvir e se sensibilizar com esta grande luta que é em defesa de um alimento sadio”, diz José.
Seu José é um dos agricultores ligados a movimentos que trabalham com a terra, como o MST.
Eles passaram os quatro dias discutindo os rumos da reforma agrária, da agricultura familiar e da Agroecologia.
O ponto principal da Jornada foi a distribuição de 10 toneladas de sementes produzidas no Centro Chico Mendes de Agroecologia, em Ponta Grossa.
O Centro funciona numa área ocupada pelo MST no ano passado. Lá, a Monsanto realizava testes com soja e milho transgênicos.
Hoje, os integrantes do Movimento cultivam sementes crioulas.
“Os participantes vão levar na mochila do semeador 10 toneladas de 24 variedades de espécies de feijão, milho, arroz e um girassol e quatro sementes de pinhão para se alertar a necessidade de se regenerar as florestas do Paraná”, diz José Maria Jardim, coordenador da jornada.
Gilson Bonfim, veio de Cidrolândia, no Mato Grosso do Sul, e pretende levar um pacote de cada variedade.
“A experiência de troca de semente é muito valiosa para os pequenos agricultores pelo fato de que descentraliza o conhecimento, transfere-se o conhecimento de produtor para produtor, de família para família”, diz seu Gilson.
Além de levar sementes, os agricultores também trouxeram produtos para trocar.
Pedro Gazdzicki, veio de General Carneiro, sul do Paraná, com as compotas e conservas que produz em casa.
Ele pretende ajudar na divulgação da técnica agroecológica.
“Faz 8 anos que luto com a agroecologia. Não planto com adubo químico, não uso veneno químico de tipo nenhum. Faço tudo massaredo de erva do mato. Portanto, ele é um produto puro para termos uma saúde pura. Estou criando produto para viver e não produto para morrer”, diz seu Pedro.
A troca de sementes foi realizada numa fazenda arrendada pela empresa Monsanto, mas que desde maio do ano passado está ocupada por integrantes do MST.
A Monsanto obteve da Justiça a reintegração de posse, mas os agricultores se recusaram a sair.
A coordenação do MST diz que está tentando acordo com a proprietária da fazenda para permanecer na área.