Redação AI 14/10/2005 – Santa Catarina tomou medidas radicais desde o anúncio do foco de aftosa no Mato Grosso do Sul. O Estado, que é área livre de aftosa sem vacinação, proibiu desde sábado o trânsito de animais vivos de todos os estados situados ao norte, inclusive o transporte de frangos, que não contraem aftosa, e de embutidos e carnes maturadas.
A medida vale parcialmente para o Rio Grande do Sul. Desse estado, o fluxo de aves e embutidos acontece após análise feita pela Cidasc, mas não foi liberado o trânsito de bovinos, búfalos e animais suscetíveis à doença.
Jarbas de Oliveira, responsável na Cidasc (Companhia Integrada de Desenvolvimento Agrícola de Santa Catarina) pelas barreiras sanitárias, disse que SC não deve revogar a medida tão cedo. “Queremos garantias do governo federal para mudar os processos. Aguardamos a reunião desta sexta”.
Segundo ele, o fluxo de aves e embutidos do Sudeste e demais estados ao norte de SC foi proibido porque a aftosa pode vir de caminhões e motoristas, e “ninguém garante que tais caminhões e motoristas não estiveram no Mato Grosso do Sul. Nesse momento cada um quer defender o seu lado”.
O vice-presidente da Federação das Agricultura do Estado de Santa Catarina (Faesc), Enori Barbieri, disse que a medida é técnica. “Santa Catarina é o único estado vulnerável à doença. Se o vírus da aftosa entrar aqui vai infectar tudo porque o rebanho não está vacinado”, disse.
Alguns produtores e membros do governo catarinenses admitem que a aftosa no Mato Grosso do Sul poderá ser, em certa medida, positivo comercialmente ao Estado. A expectativa é de que a importação de carne suína catarinense aumente. Um produtor que preferiu não se identificar disse esperar que o Estado seja valorizado. “Embora os custos de produção no Centro-Oeste sejam menores, nosso controle sanitário precisa ser levado em conta. Muitas agroindústrias estavam migrando para lá, com novos investimentos”, desabafou.
A decisão catarinense já prejudica empresas do Sudeste. A Hygen e a Agroceres Ross, que trabalham com material genético, tiveram cargas de matrizes (aves de um dia) barradas. Ambas são fornecedoras de empresas como Sadia, Perdigão e Seara, que têm plantas em Santa Catarina.
Adaile de Castro, diretor-superintendente da Hygen, disse que as aves acabaram sendo alojadas no Paraná, onde o cliente catarinense também tinha granja. Ivan Lauandos, diretor da Agroceres Ross, acredita que a medida catarinense pode gerar falta de material genético no Estado e afetar a produção de aves. “Essa medida não tem base técnica”.