Redação (15/10/2008)- A Suinocultura Rancho Alegre, localizada a 47Km da cidade de Campo Grande (MS), dá um exemplo de responsabilidade social para todos. Inaugurada em 1985, ela mobilizou recursos próprios e o poder público para lançar, oficialmente em maio de 2008, um programa Educação de Jovens e Adultos (EJA).
A EJA é uma modalidade específica da educação básica, que se propõe a atender a um público ao qual foi negado o direito à educação durante a infância e/ou adolescência, seja pela oferta irregular de vagas, seja pelas inadequações do sistema de ensino ou pelas condições socio-econômicas desfavoráveis.
A confiança da Suinocultura Rancho Alegre na educação como alavanca para o desenvolvimento pessoal e econômico é evidente. A granja investe há vários anos, por exemplo, em eventos, trabalhos em grupo e dinâmicas para seus colaboradores com o suporte da Vitagri, sua fornecedora há 7 anos de nutrição e de serviços .
“Para nós é muito importante que os colaboradores saibam cada vez mais. Sempre que possível investimos em palestras educativas e treinamentos", afirma a administradora de empresas Eleíza Moraes, filha dos proprietários do empreendimento, o casal Jussara Feltrin Moraes e Arão Antonio Moraes.
A seguir, Eleíza conta como surgiu e está se desenvolvendo o programa de Educação de Jovens e Adultos desenvolvido pela Suinocultura Rancho Alegre:
A idéia de implantar a EJA surgiu quando contratamos um novo colaborador que sequer sabia assinar o nome. Demos uma chance a ele. Mas como ficamos espantados em constatar, nos dias de hoje, que ainda é possível encontrar pessoas que não sabem ler ou escrever (vivendo na mais completa “escuridão”), resolvemos procurar a escola municipal José do Patrocínio (localizada a cerca de 15 quilômetros da granja), onde os filhos dos nossos colaboradores estudam, para propor a iniciativa.
A diretora nos atendeu. Em um mês, adaptamos duas dependências da granja para funcionar como salas de aula. Coube a nós investir nas instalações e na contratação da merendeira. A escola e a prefeitura forneceram os móveis, os professores, o material didático e os alimentos. Nesse pique, as aulas tiveram início em 29 de maio de 2008.
A EJA destina-se a cerca de 40 pessoas, colaboradores da Rancho Alegre, na maioria, mas hoje também atende a vizinhos da fazenda, que vêm aprender aqui. Temos turmas de 1ª à 3ª série, que contam com 15 alunos, e em outra sala, alunos de 4ª e 5ª séries, com mais 14 pessoas.
Infelizmente, alguns desistiram pelo caminho. Mas a notícia boa é que tem muita gente se preparando para iniciar o ano letivo, em 2009. E, se conseguirmos abrir mais séries, acreditamos que teremos ainda mais gente. Se tivermos alunos suficientes, a meta é implantar salas de aula que atendam do ensino fundamental ao médio. E, quem sabe, alguns cursos técnicos.
Com vistas à profissionalização, há cerca de dois meses também conseguimos a implantação de aulas de informática, a cada 15 dias, nas dependências da escola municipal José do Patrocínio. Nosso sonho é, no futuro, termos computadores disponíveis na fazenda, para que as aulas aconteçam aqui. Em outra frente, planejamos montar, em breve, uma biblioteca. Já ganhamos alguns livros. Realmente está faltando pouco para realizar este sonho.
Junto à prefeitura, negociamos no momento transporte (uma van) para quem deseja cursar uma faculdade, ou fazer algum curso de aperfeiçoamento, possa ir e voltar de Campo Grande, à noite.
Com todas essas iniciativas, temos certeza de que os objetivos iniciais estão sendo atendidos. Aqueles que não sabiam ler, praticamente já estão lendo… Todos melhoram cada vez mais nas contas de matemática. E é visível a diferença de desempenho no serviço. A satisfação pessoal cresceu. O funcionário que não sabia nem escrever o nome, por exemplo, ficou no passado. Hoje, ele próprio já assina os holerites dele. Isto é gratificante para nós!!
Como cidadã, posso afirmar que vibro cada vez que consigo algo mais para aprimorar os conhecimentos e apontar novos horizontes para nossos colaboradores. Muitos deles, aliás, tinham vontade de aprender. O que faltava era oportunidades como a EJA.