Da Redação 01/10/2004 – O embargo russo às carnes brasileiras começa a levar indústrias como a Aurora a concentrar a produção visando o mercado interno. Toneladas de carcaça suína que deveriam seguir para a Rússia nos próximos dias estão sendo direcionadas para a produção de embutidos consumidos principalmente nas festas de fim do ano no Brasil.
Em vez de destinar 4 mil toneladas para a Rússia, a Coopercentral Aurora, localizada no oeste catarinense, está transformando a produção em lingüiças, pernil e salames. “Estamos agora fazendo estoque para o fim do ano”, diz Mário Lanznaster, vice-presidente do grupo. Segundo ele, na embargo russo de meados do ano, decorrente da descoberta de um foco de febre aftosa no Pará, essa medida não foi tomada porque não havia proximidade com o fim do ano e os preços no mercado interno não estavam tão firmes como agora. “Hoje os mercados interno e externo estão equivalentes em termos de lucro. O preço está igual”.
Conforme o presidente da Associação Catarinense dos Criadores de Suínos, Volmir de Souza, os preços para o produtor independente estão mantidos no mesmo patamar da semana passada, em cerca de R$ 2,80 o quilo do suíno vivo. Houve forte baixa depois do novo embargo russo, que continua em vigor após o surgimento de um foco de aftosa no Amazonas, no início do mês, e a recente estabilidade nesse patamar mais baixo reflete uma provável “retenção” de oferta por parte de alguns criadores.
Segundo Jurandi Machado, técnico do Instituto Cepa, a produção de suínos no Sul do país registrou queda desde o segundo trimestre do ano passado, o que tem colaborado para oferecer uma certa sustentação aos preços mesmo com a barreira erguida por Moscou. Ele diz que esta redução foi recorde, sem registro de quedas tão significativas nos últimos 20 anos.
Nos últimos 12 meses até agosto, a produção caiu 6,7%, para 18,8 milhões de cabeças. Os abates regionais foram reduzidos em 1,26 milhão de cabeças, resultando em 104 mil toneladas a menos de carne suína no mercado. De janeiro a agosto de 2004, os abates encolheram 4,9%, índice levemente inferior ao dos últimos 12 meses.
Machado explica que em ciclos anteriores também marcados pela conjunção entre excesso de oferta e pressão de custos, a produção se recompôs mais rapidamente via ganho de produtividade ou escala.
Nesta quinta-feira, o quilo do suíno não-tipificado para produtores integrados a grandes indústrias estava em R$ 2,50 em Chapecó, segundo o Instituto Cepa, mesmo valor de antes do embargo. Já o suíno tipificado (que inclui bônus pela carcaça) estava em R$ 2,63.