Redação (02/06/2008)- O diretor executivo da Associação dos Produtores de Soja e Milho do Estado (Aprosoja), Marcelo Duarte Monteiro, diz que a falta de uma logística eficiente e mais barata para o transporte da produção agrícola deixa os produtores apreensivos quanto ao futuro da atividade. “Mato Grosso está há décadas sem receber investimentos em logística”, aponta Marcelo Duarte, destacando os prejuízos com a perda de competitividade dos produtos regionais.
Segundo ele, as BR-163 (Cuiabá-Santarém) e 364 (Cuiabá/Porto Velho), consideradas as bases da logística de Mato Grosso, “são as mesmas desde o período militar”.
Na opinião dele, embora o Estado tenha apresentado elevados índices de crescimento nas últimas safras, as rodovias não estão cumprindo o seu papel no sentido de promover a integração amazônica e assegurar uma ligação eficiente com os grandes centros consumidores. “Isso acaba inibindo os investimentos e os grandes projetos acabam não chegando a Mato Grosso”.
Para minimizar o problema, Marcelo Duarte diz ser preciso programar um plano arrojado de logística, contemplando os modais ferrovia- hidrovia-rodovia. “Precisamos de ferrovias, de hidrovias e as BRs precisam chegar às regiões produtoras, facilitando o acesso para o escoamento da produção”.
Ele defende a construção da ferrovia Leste-Oeste, a duplicação da BR-364, implantação da BR-258 e a retomada e conclusão do asfalto da BR-163 até Santarém (PA), para escoar a produção via porto de Santarém ou Itaituba, também no Pará, com saída para o Atlântico. “Assim poderíamos ter uma economia de até 50% nos custos do frete num trajeto entre Sorriso e os portos de exportação (Santos, Paranaguá ou Itaituba)”.
Outro projeto defendido pelos produtores é a implantação da ferrovia Oeste-Leste, saindo de Ilhéus, na Bahia, até Vilhena (RO), passando por Lucas do Rio Verde, na região do Médio Norte, e Água Boa, no Baixo Araguaia. Esta obra está com seu projeto em curso, devendo ser licitada até o início do próximo ano.
A ferrovia Senador Vicente Vuolo, que se encontra parada em Alto Araguaia, também é vista como uma grande alternativa para o escoamento da safra quando o ramal chegar à região amazônica, passando pelo norte mato-grossense.
Outra solução defendida pelo setor rural é a implementação da hidrovia Paraguai-Paraná, bem como o funcionamento da hidrovia Araguaia-Tocantins, que irá ligar a região produtora de Água Boa até o porto de Belém, no Paraná, e de lá até ao Atlântico.
“A logística é um gargalo, sim, mas existem alternativas e as soluções estão à mão. Basta vontade política”, sentencia o presidente da Aprosoja, Glauber Silveira.