Redação (19/02/2008)- Localizada na divisa com o Paraná, Itaiópolis recebeu o primeiro frigorífico de aves do Planalto Norte, região que se destaca na produção de milho e soja. A construção de uma área de quase 10 mil metros quadrados exigiu o investimento de R$ 20 milhões, dos quais 51% vieram dos nove sócios da Avita e 49% do Banco Regional de Desenvolvimento do Extremo Sul (BRDE) – os empresários esperam obter retorno em cinco anos. Para 2008, a agroindústria pretende investir de R$ 30 milhões a R$ 40 milhões na construção de uma fábrica de ração, incubatório e parque de matrizes para os ovos. "Já estamos estudando os projetos", declarou um dos sócios da empresa, o diretor-técnico Vitor Hugo Brandalise ex diretor da Perdigão.
Preparado de acordo com as normas técnicas internacionais, o frigorífico tem interesse em enviar seus produtos para países europeus e árabes, além da China, que está interessada em pés de frango e pontas de asa, partes do animal que são iguarias na cultura local. Para atender esse mercado, a Avita já definiu inclusive um produto específico. O escoamento das mercadorias ocorre através dos portos de Paranaguá (PR), Itajaí e Itapoá, ambos de Santa Catarina. No mercado interno é vendido para os estados do Rio de Janeiro e São Paulo. A comercialização interna e externa é feita pela Multicarne, de São Paulo (SP), companhia que pertence a alguns dos sócios da Avita. Com apenas sete quilômetros de distância para a BR-116, o município de Itaiópolis está a 135 quilômetros de Curitiba (PR), 160 de Joinville (SC) e 543 de São Paulo (SP).
O fornecimento dos animais vem de aviários da região. Novos criadouros estão cadastrados, à espera somente de financiamento bancário para o início das obras. Para atender toda necessidade da Avita serão necessarios 600 aviarios. Cada aviário custa, em média, R$ 150 mil e leva quatro meses para ser montado, contando as etapas que vão desde o planejamento até a conclusão da obra.
A agroindústria atua em parceria inicialmente com aviários de Itaiópolis, Mafra e Papanduva, que estão, no máximo, a 50 quilômetros de distância para não encarecer custos com logística e transporte. A produção segue o modelo de integração vertical adotado por gigantes do setor, como a Perdigão e Sadia. Enquanto o criador entra com terra, equipamento e mão-de-obra, a Avita vai oferecer pintos, ração, assistências técnica e médico-veterinária.
Os frangos são abatidos assim que alcançarem em torno de dois quilos, processo que leva 40 dias. "Nós pagamos em função dos resultados", explicou o diretor Brandalise. O critério aplicado é o índice de eficiência produtiva (IEP), que avalia o desempenho do lote de acordo com fatores como o peso médio dos animais e a conversão alimentar, um indicador que divide o consumo de ração pelo peso produzido. A fase industrializada conta com mão-de-obra local, que é supervisionada por técnicos de fora, com passagens por Sadia, Perdigão, Cargill e Aurora.
Para enfrentar estas empresas concorrentes no Brasil e no exterior, a Avita aposta em um frango com custo menor, peso diferenciado e livre de antibióticos em todo o processo de criação. Questionado sobre os boatos de que as agroindústrias aplicariam hormônios para engordar os animais, o diretor-técnico da Avita enfatizou que isso se trata somente de um mito. "O aumento de produtividade do setor se deve a quatro fatores: genética, sanidade, nutrição e manejo", esclareceu Brandalise.