Redação (12/01/2009) – A volatilidade e a incerteza no mercado de venda futura da soja têm deixado os produtores preocupados desde o final de 2008. Na semana passada, o bushel superou os 10 dólares, voltou para 9 dólares e, em seguida, esboçou nova reação. E a previsão é que o sobe e desce continue assim, pelo menos até 20 de janeiro, quando o presidente eleito norte-americano, Barack Obama, tomará posse.
A mudança no comando dos Estados Unidos será fundamental para definir os rumos da comercialização da oleaginosa neste ano. Os anúncios de Obama em relação à produção de etanol e as decisões políticas voltadas para o setor podem alterar o mercado. ”A volatilidade está muito violenta. Até o dia 20, poderemos ter muitas surpresas, e o apoio maior ou menor de Obama poderá mudar tudo. É uma decisão política”, opina o diretor da Brasoja, Antônio Sartori.
Com vendas antecipadas lentas e inferiores às de 2008, os produtores da oleaginosa começam 2009 com cautela. Atualmente, 10% da safra gaúcha está vendida, ante os 35% comercializados no mesmo período do ano passado. ”O produtor quer se proteger para evitar que aconteça o mesmo que no ano passado, quando vendeu muito cedo e o bushel chegou a 16,58 dólares depois”, afirma o diretor operacional da Capital Corretora, Farias Toigo.
No início de dezembro, a cotação da soja com entrega em janeiro ficou em 7,75 dólares o bushel e foi para 10,14 dólares em janeiro. ”Isso é mais ou menos 30% de alta em período muito rápido.” Toigo orienta o produtor a esperar por uma possível recuperação de preço em março ou abril. ”Com o dólar em R$ 2,00, o produtor vai ter remuneração melhor.”
Se o produtor precisar vender, Toigo ressalta que os níveis atuais de Chicago não são ruins. ”A perda não será muito grande.” A expectativa de quebra na safra latino-americana e a possível confirmação de redução nos Estados Unidos devem contribuir para a valorização da oleaginosa. No Rio Grande do Sul, a seca que atinge São Borja, Alegrete e Santa Rosa também poderá reduzir a oferta, embora ainda não seja possível definir a amplitude da quebra.
Dados do Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA) indicam que o consumo mundial de soja na safra 2008/09 para produção de ração e processamento será recorde e 1,7% maior do que no ciclo anterior. A expectativa é que sejam consumidas 233,96 milhões de toneladas, ante 229,96 milhões de t em 2007/08. Conforme o USDA, a China se mantém como principal mercado, com consumo de 41,47 milhões de t. Brasil e Argentina deverão ser responsáveis por 52,3% das exportações globais do grão. Conforme Toigo, a média da cotação da soja cresce a cada ano. Em 2006, a média do bushel foi de 5,91 dólares; em 2007, de 8,63 dólares; e, em 2008, saltou para 12,33 dólares. ”O mercado está crescendo. Para 2009, em uma previsão conservadora, a média pode ser como em 2007. Se a economia melhorar e, dependendo do que Obama falar no dia 20, poderemos trabalhar com números de 2008”, aposta Toigo.