Esse assunto foi tema de trabalho feito, em parceria público-privada, sobre inovação para o agronegócio e o desenvolvimento rural sustentável. Foram traçadas projeções para os próximos 15 anos. ‘‘É a oportunidade de trabalho para a construção e para a transformação do futuro’’, salientou o pesquisador Paulo Cruvinel, da Embrapa Instrumentação Agropecuária, de Brasília. Ele ministrou palestra em seminário técnico realizado pelo Instituto Agronômico do Paraná (Iapar), dirigido a pesquisadores do órgão, da UEL e da Embrapa Soja. Segundo ele, foram traçados quatro cenários para o agronegócio brasileiro considerando aspectos econômicos, ambientais, sociais e de capital humano.
‘‘Pode haver um retrocesso no papel do agronegócio na economia brasileira em 15 anos. Por isso é importante trabalhar para alcançar o futuro desejado’’, salientou Cruvinel. As hipóteses apresentadas vão desde a mais otimista ao cenário mais pessimista. No entanto, em todas as projeções, a pesquisa e a inovação têm papel de destaque para o desenvolvimento do agronegócio. No primeiro caso, o Brasil teria condições de expandir para conseguir inserção global. As oportunidades para isso estão nas projeções para ampliação do acesso aos mercados internacionais e expansão do comércio, estabilização dos preços das commodities em patamar elevado, aumento da demanda mundial por alimentos e por pesquisa agropecuária.
A posição do País neste cenário deve ser assegurada, principalmente, pela aplicação da tecnologia. As pesquisas devem garantir a competitividade e a sustentabilidade do agronegócio, consolidando o Brasil como protagonista em agroenergia e biocombustíveis. ‘‘É preciso agregar valor às commodities, desenvolver matérias-primas, processos e produtos para exploração de novos mercados e novos nichos’’, comentou Cruvinel. Para isso, deve haver a garantia do desenvolvimento e da eficácia das pesquisas, fortalecendo mecanismos de propriedade intelectual.
Já no segundo cenário projetado, os preços das commodities agrícolas permaneceriam com preços medianos devido à volatilidade, a economia global cresceria em ritmo moderado com crises e turbulências, a demanda por produtos agropecuários também seria mediana e os recursos naturais da maioria dos países continuariam sendo usados de forma predatória. Neste caso as oportunidades estariam na integração inter e intra-regional e no aumento da demanda por pesquisa agropecuária. As pesquisas continuariam em papel de destaque.
No terceiro cenário, a expansão setorizada com inserção em nichos, os preços das commodities continuariam elevados, a economia mundial cresceria em ritmo acelerado, haveria aumento da demanda por produtos agropecuários, os recursos naturais seriam utilizados de maneira mais sustentável e o Brasil seria inserido no contexto mundial baseado apenas em commodities. Haveria a ameaça da ‘‘especialização’’ brasileira em produtos de baixo valor agregado. Além de aumentar a eficiência das pesquisas, a estratégia deverá garantir competitividade ao agronegócio brasileiro no mercado mundial através de parcerias para a geração e transferência de tecnologias voltadas à agricultura tropical.
Já no processo de desarticulação e retrocesso – o cenário mais pessimista -, a projeção é de maior protecionismo nos fluxos comerciais internacionais, com degradação dos recursos naturais, preços das commodities influenciados pela alta volatilidade e inserção do Brasil no contexto mundial baseada predominantemente em commodities. As estratégias, neste caso, seriam o desenvolvimento de tecnologias orientadas à recuperação de áreas degradas e ao uso racional dos recursos hídricos, aumento da eficiência e eficácia das instituições de pesquisa, garantindo maior flexibilização institucional e normativa.