Redação (18/06/2008)- A dependência do Brasil em relação ao adubo importado é um dos principais fatores de encarecimento da produção de alimentos, reduzindo a remuneração do produtor. Uma das alternativas para reduzir o custo, segundo o secretário da Agricultura de Minas Gilman Viana Rodrigues, é fazer parte da adubação com a cama de frango, um composto à base de dejetos, resíduos de ração e penas de ave. Para o secretário, “os avicultores devem se organizar para atender à demanda crescente do material orgânico, porque existem sinais de que haverá redução das aquisições do adubo químico no próximo ano”.
As aquisições de adubos pelo Brasil, no mercado internacional, aumentam de ano para ano e o custo vem crescendo em percentual maior que o do volume, conforme dados compilados pela Secretaria da Agricultura, com base em levantamento do Ministério de Desenvolvimento, Comércio e Indústria. De janeiro a dezembro de 2007, o país importou cerca de 19,6 bilhões de quilos de adubos, no valor aproximado de US$ 6,9 bilhões. No mesmo período do ano anterior foram importados cerca de 14 bilhões de quilos, que custaram cerca de US$ 4 bilhões.
Já no acumulado de janeiro a maio de 2008 houve a importação de 7,3 bilhões de quilos de adubos, no valor aproximado de US 3,9 bilhões, mais de 50% da cifra de todo o ano passado.
Durante encontro na Secretaria da Agricultura com um grupo de dirigentes da Associação dos Avicultores de Minas Gerais (Avimig) e empresários do setor, o secretário Gilman Viana disse que este cenário favorece a participação da cama de frango no mercado de adubo. Ele acrescentou que a associação deve continuar estimulando os produtores para orientarem os potenciais compradores do material a utilizá-lo exclusivamente com esta finalidade. “Está proibida, em todo o Brasil, a utilização da cama de frango como alimento de ruminantes, porque os países que adotam essa prática tornam-se alvo dos compradores de carne bovina, que podem alegar o risco de contaminação do produto pela doença da vaca louca”, explicou Viana. “A proibição não vai acarretar perda de renda para as granjas avícolas, porque terão a oportunidade de vender a cama de frango para agricultores interessados em reduzir seus custos com a aquisição do adubo importado.”
Lavouras de milho
Conforme explicou o presidente da Avimig, Tarcísio Franco do Amaral, a entidade estimula sobretudo os programas de utilização da cama de frango em lavouras de milho que atendem às integrações de indústrias de abate. “Uma das empresas que desenvolvem este trabalho é a Pif Paf, que tem conduzido com sucesso a adubação com os resíduos das granjas nas áreas de cultivo de milho que fornecem para os produtores integrados à empresa na região de Visconde do Rio Branco, Zona da Mata de Minas.”
A experiência da Pif Paf será apresentada aos participantes do evento Avicultor 2008, que a Avimig realizará em Belo Horizonte nos dias 25 e 26, segunda e terça feira. Participarão do painel “Utilização de Cama de Frango na Cultura do Milho” o engenheiro agrônomo Rogério Soares de Castro, da Pif Paf, e o presidente da Associação dos Avicultores da Zona da Mata (Avizom), Luiz Fábio Antonucci Filho.
O presidente da Avimig informou também que os empresários estão otimistas quanto aos rumos do trabalho desenvolvido pelo Estado, por intermédio do Instituto Mineiro de Agropecuária (IMA), para ajustar a avicultura mineira ao Plano Nacional de Sanidade Avícola (PNSA). Esse ajuste é indispensável para a regionalização da avicultura, sistema pelo qual o Estado se torna uma área sanitária independente, portanto isenta de veto à comercialização de seus produtos caso se registre a ocorrência de influenza aviaria ou doença de Newcastle em outra parte do país.
De acordo com Tarcísio Amaral, a Avimig criou uma comissão para participar dos trabalhos com o objetivo de ajustar as condições do Estado no programa nacional de sanidade. Esse grupo tem feito contatos com o IMA e acredita que as medidas adotadas possibilitarão melhor classificação para Minas Gerais no quadro do Ministério da Agricultura para efeito da regionalização.
Minas obteve, em 2007, a classificação “C”, junto com o Distrito Federal, Bahia, Goiás, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Paraná, Rio Grande do Sul, São Paulo, Sergipe, Rondônia e Tocantins. Este grupo conta com eficientes infra-estrutura e mão-de-obra especializada para a execução das normas de combate da Gripe Aviária e doença de Newcastle e está em condição intermediária na capacidade de contenção da ameaça. Somente o Estado de Santa Catarina obteve a classificação “B”. Com a classificação “D” estão o Ceará, Espírito Santo, Pará, Paraíba, Pernambuco, Piauí, Rio de Janeiro e Rio Grande do Norte.
Para melhorar sua avaliação, Minas terá de criar um fundo de indenização dos produtores, que será utilizado caso seja necessário o sacrifício de plantéis contaminados por influenza aviaria ou doença de Newcastle. Segundo Gilman Viana, os empresários devem utilizar o modelo dos estados que já definiram a formação de seus fundos, como Goiás, Santa Catarina e Rio Grande do Sul.
Participaram do encontro com o secretário Gilman Viana, além do presidente da Avimig, Tarcísio Franco do Amaral, os diretores Antônio Carlos Vasconcelos e Tarcísio Silva Moreira. Estavam presentes também os empresários Alberto Henrique Rocha Filho e Délcio José dos Santos, além do gerente operacional da Avimig, Geraldo Sérgio dos Santos.