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Imigração japonesa trouxe contribuição decisiva para o vigor do agronegócio brasileiro

O Japão tem uma tradição agrícola muito forte. Implementaram em nosso país uma visão diversificada da produção de alimentos voltada para a mesa dos consumidores e não para a exportação.

Redação (18/06/2008)- No dia em que o Brasil comemora o centenário da imigração japonesa, o Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa) reconhece que a presença da comunidade nipônica foi decisiva para que o Brasil se destacasse, atualmente, como um dos maiores produtores de alimentos do mundo.

O secretário de Desenvolvimento Agropecuário e Cooperativismo do Mapa, Márcio Portocarrero, explica que a maior contribuição que os japoneses trouxeram de imediato para o Brasil, há cem anos, já se voltava ao agronegócio. “O Japão tem uma tradição agrícola muito forte. Implementaram em nosso país uma visão diversificada da produção de alimentos voltada para a mesa dos consumidores e não para a exportação. Por termos fortalecido o agronegócio internamente, somos hoje um dos maiores produtores de alimentos do mundo”, afirmou Portocarrero.

Ele lembrou que, quando os japoneses chegaram ao Brasil, o País passava por uma crise econômica do café, açúcar e cacau e ainda estava se organizando para ser um país eficiente frente às demandas mundiais. A contribuição dos japoneses na produção do café foi decisiva para o posicionamento do país como maior produtor e exportador mundial do grão. A Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), indica que, este ano, o país produziu 45.544 sacas de café, registrando um crescimento de 35% com relação ao ano passado. Nas exportações, alcançou o volume de 28.010 sacas, o que corresponde a 29,37% da participação mundial.

Apesar de terem vindo para trabalhar nas plantações de café, os orientais também contribuíram com a horticultura, fruticultura, cultivo do arroz, pimenta do reino e outros gêneros. Trouxeram ainda conceitos significativos de adubação e de combate de pragas e doenças das plantas. No início da imigração, os japoneses se estabeleceram principalmente em São Paulo, mas, com o passar do tempo, ocuparam praticamente todo o território nacional, em especial os estados do Paraná, Mato Grosso, Rio de Janeiro, Pará e Minas Gerais.

Segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), no início do século passado, era de 27.976 o número de japoneses imigrantes no Brasil, sendo que 87,3% deles viviam nas cidades paulistas. Cem anos depois da imigração, os japoneses e seus descendentes já totalizam, de acordo com a Associação para Comemoração do Centenário da Imigração Japonesa no Brasil, cerca de 1,5 milhão de pessoas, constituindo a maior comunidade nipônica fora do Japão.

Cooperativismo – Além da influência direta no agronegócio, os orientais também deixaram sua marca em um outro setor de fundamental importância para a economia brasileira: o cooperativismo. Para o diretor do Departamento de Cooperativismo e Associativismo Rural do Mapa, Paulo Roberto da Silva, a comunidade japonesa trouxe uma contribuição valiosa no aspecto da cooperação. “Eles sempre trabalharam com volumes pequenos – que precisariam necessariamente ser produzidos em escala – com o auxílio de tecnologia avançada. Isso fez com que houvesse um incremento no Brasil da cultura cooperativista”, informou.

O maior exemplo disso, segundo o diretor, foi o surgimento da Cooperativa Agrícola de Cotia, formada pelos japoneses, em São Paulo, com entrepostos que se instalaram em quase todos os estados do Brasil. Ela foi, nos anos 70, a maior cooperativa da América do Sul, principalmente em termos de faturamento. “A Cotia até hoje tem sua relevância no cooperativismo porque muitos dos seus entrepostos ainda permanecem como originários do desenvolvimento daquela cooperativa”, destacou Roberto.