Redação (21/01/2008)- Ainda colhendo a soja da safra passada, o agricultor da região Norte de Mato Grosso deve preparar o bolso para o plantio do milho safrinha, mês que vem. O preço de alguns insumos, como o adubo, cresceu e está de 25 a 30% mais caro. Entre as explicações para o aumento, de acordo com o segmento, está a dependência do valor estipulado por mercados exteriores, de onde a matéria-prima vem. Rússia, Israel, Polônia são alguns dos países fornecedores.
“A matéria-prima vem de fora e temos esta dependência. O agricultor que até dezembro pagava US$480 por tonelada, agora está desembolsando, em média, US$600”, declarou o gerente Paulo José Trzinski, de uma revenda em Sinop.
Em Sorriso a variação também é constatada nas empresas. No município, maior produtor individual de soja do país, os agricultores devem começar a adquirir os produtos para o plantio nos próximos dias. O representante Rubislei de Souza Silva explicou que os custos aumentaram, comparando-se uma safrinha a outra.
"O maior vilão foi o adubo, que realmente aumentou, porque são importados. Os fornecedores vêem que o mercado está reagindo, os preços da soja e do milho bons, e aumentam", acrescentou.
Para presidente do Sindicato Rural de Sinop, Antônio Galvan, o produtor deve ter cautela, para não contrair dívidas e depois ficar sem quitá-las. Mesmo trabalhando em sistemas de ‘troca’, ou pacotes, quando os agricultores pagarão os custos com sacas do milho, deve-se ter atenção.
“O mercado do milho já reduziu. Se analisarmos a safrinha, pode ser de risco. Se faltar chuvas o agricultor vai pagar como o plantio do milho, sem contar as despesas que tem com funcionários, óleo diesel, entre outros?”, declarou o sindicalista.
Segundo Galvan, considerando-se o atraso sofrido no plantio e colheita da soja, o milho também deve ser influenciado. A estimativa é que os produtores comecem a cultivá-lo entre o final de fevereiro ao início de março. “A grande maioria vai plantar por meados de fevereiro a março, quando o ideal é até a primeira quinzena de fevereiro. Esse ano será o inverso. É um risco grande. A rentabilidade do milho não está tão boa”, acrescentou Galvan.
O preço que pode ser pago na época da colheita do milho também deve fazer os produtores ficarem atentos. “Hoje não podemos utilizar para a safra, mas falamos em R$20 a saca. A probabilidade é que quando começar a colheita o preço caia para R$15. Se reduzirem as exportações no Brasil, teremos maior oferta do produto no mercado interno e o preço reduz mais”, concluiu.