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Maior desafio do Mercosul é o acesso a mercados

André Nassar, diretor geral do Icone, apresentou 6 feira (20) os resultados preliminares de levantamento sobre os processos de abertura e integração ao comércio internacional.

Redação (23/06/2008)- O maior desafio para o comércio agrícola do Mercosul é o acesso a mercados, segundo avaliação das entidades representativas da cadeia do agronegócio do bloco. O diretor geral do Instituto de Estudos do Comércio e Negociações Internacionais (Icone), André Nassar, apresentou 6ª feira (20) os resultados preliminares de levantamento sobre os processos de abertura e integração ao comércio internacional. O estudo é realizado pelo Icone em conjunto com parceiros da Argentina, Paraguai e Uruguai, com apoio do Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID).

Segundo Nassar, o objetivo do projeto é avaliar a percepção do setor privado e levantar os pontos de interesse dos quatro países do Mercosul sobre questões ligadas ao comércio internacional. O grupo incluiu temas tradicionais, já regulamentados em foros internacionais, e novos temas que estão em debate, como certificação, rotulagem, restrição ambiental a produtos transgênicos, segurança alimentar, biotecnologia e biocombustíveis. Até o momento foram consultadas 36 entidades, mas ainda faltam consultas a grupos do Uruguai e da Argentina.

As instituições consultadas destacam que os países precisam melhorar os mecanismos de integração entre o setor público e o privado, de políticas que aumentem a competitividade das indústrias, aprimorar os procedimentos aduaneiros, investir em sistemas de sanidade e promoção comercial. Os resultados preliminares foram apresentados hoje em seminário realizado em São Paulo.

Ao falar sobre saúde animal e segurança alimentar, o sócio sênior da consultoria canadense Serecon, Ralph Ashmead, destacou que os países precisam ter muito claro por qual razão devem implantar programas de rastreabilidade. Ele citou o exemplo da Austrália que usa o sistema como "instrumento de marketing para ter acesso a mercados difíceis de entrar". Ele considera que a União Européia e o Japão têm os melhores sistemas de rastreabilidade. "Os países do Mercosul têm que comparar os melhores sistemas, avaliar os gargalos internos e questionar quais os benefícios. Montar uma estratégia integrada de rastreabilidade seria um instrumento poderoso para o Mercosul", afirmou.

Para o consultor argentino do Grupo CEO, Eduardo Trigo, os países do Mercosul precisam aumentar os investimentos em biotecnologia, especialmente em meio a atual crise de alimentos. "Os investimentos da América Latina em biotecnologia somam cerca de US$ 132 milhões. Isto é um décimo do que investem as multinacionais", afirma. O ex-ministro do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, Luiz Fernando Furlan, que concluiu o seminário realizado hoje em São Paulo destacou que os países do bloco respondiam por 5% do comércio mundial há dez anos e o hoje está em 7%. "E acredito que em pouquíssimo tempo poderá chegar a 10% do comércio global", disse. Furlan considera que o cenário atual – de preços altos de alimentos e de combustível – é ideal para os avanços institucionais do Mercosul.