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Maior empresa argentina de soja associa se ao Pactual

Uma holding, criada a partir deste acordo, controlará subsidiárias em cada um dos países de atuação, com composições acionárias diferentes.

Redação (27/02/2008)- O maior produtor de soja da Argentina, o grupo Los Grobo, associou se à gestora brasileira de fundos Pactual Capital Partners para criar uma holding sul americana de grãos. Pelo acordo fechado na segunda feira, a PCP, que gere os recursos dos sócios do antigo banco Pactual, investirá US$ 100 milhões na forma de aumento de capital para deter uma participação minoritária na nova empresa, que terá como foco a produção e comercialização de soja, milho e trigo.

O dinheiro será usado para iniciar as atividades no Brasil. Hoje, a Los Grobo já atua na própria Argentina, no Uruguai e no Paraguai. No Brasil tem apenas um pequeno moinho. A idéia é replicar em terras brasileiras o modelo que a Los Grobo já pratica em casa: uma empresa de atuação integrada, desde a produção até a prestação de serviços de logística e financeiros. No Brasil, o setor agrícola é muito segmentado e, em geral, quem atua no plantio não participa da comercialização. Uma das poucas exceções fica por conta do grupo do empresário e governador do Mato Grosso Blairo Maggi.

A holding controlará subsidiárias em cada um dos países de atuação, com composições acionárias diferentes. "No Brasil o controle será compartilhado, temos um interesse econômico maior aqui", diz André Sá, um dos gestores do fundo que assumirá a vice presidência financeira da holding. Nas demais subsidiárias, a PCP será uma minoritária "relevante", de acordo com o executivo.

A associação inaugura o ingresso do fundo, um dos maiores de private equity do país, no setor agrícola. A PCP já tem investimentos no setor elétrico, por meio da Equatorial Energia, imobiliário (PDG Realty) e de moda (inbrands). Em todos os ramos de negócio prevalece a lógica de uma holding que controla empresas complementares.

A PCP decidiu investir no setor de grãos por três motivos: há um aumento do consumo mundial de proteínas puxado por China e Índia, uma demanda crescente por biocombustíveis e preocupações ambientais. "A América do Sul será o grande fornecedor de grãos para o mundo e o foco da nova empresa é crescimento", diz Sá.

Hoje, o grupo Los Grobo administra 170 mil hectares de terras cultivadas com grãos, sendo 115 mil na Argentina, 40 mil no Uruguai e 15 mil no Paraguai. Dessa área, apenas 10 mil hectares são próprios, o restante é arrendado ou fruto de parcerias. "Nossa experiência é conhecimento. A propriedade da terra é para quem quer investir no setor imobiliário, não é o nosso negócio", diz Gustavo Grobocopatel, presidente da Los Grobo e que assumirá também o cargo de principal executivo da holding. No Brasil, a mesma lógica será mantida. "Terra é um bom negócio, mas a empresa vai focar em produção e serviços", diz André Sá.

Esses serviços incluem tecnologia de plantio, armazenagem, infra estrutura de transporte, financiamento e operações de hedge (proteção contra a variação de preços das commodities).

Mal haviam assinado o contrato de associação na noite de segunda, ontem os dois executivos já estavam prospectando negócios no Maranhão. O Estado é uma das apostas da holding, que também enxerga bom potencial de cultivo no Triângulo Mineiro e Sudoeste de Goiás, Mato Grosso e a região que engloba, além do Maranhão, Piauí e Tocantins.

No ano passado, a Los Grobo comercializou 1,5 milhão de toneladas de grãos (soja, milho, trigo e girassol), entre produção própria e de terceiros, e faturou US$ 400 milhões. "Com o investimento em terras brasileiras, a produção deve duplicar nos próximos dois a três anos", diz Grobocopatel, um engenheiro agrônomo de 45 anos, pertencente à terceira geração de uma família judia que emigrou do Leste Europeu para os pampas argentinos na década de 20, dando início a um dos maiores empreendimentos agropecuários do país.

A Los Grobo existe há 25 anos e há 5 vinha buscando formas de investir no Brasil. A PCP vinha olhando o setor agrícola há um ano e há quatro meses as negociações entre os dois lados começaram. "A associação com a PCP fecha a equação financeira do negócio porque eles têm uma experiência complementar à nossa, em operações financeiras, e isso é fundamental", afirma o empresário argentino.

Com a explosão dos preços dos grãos no mercado internacional, Grobocopatel está aproveitando as receitas para expandir os negócios do grupo. No ano passado comprou, por US$ 20 milhões, a UPJ, um complexo de armazenagem de grãos, e tornou se sócio de um projeto integrado de produção e exportação avícola chamado Avex (sigla para Alto Valor de Exportação), que possui 50 galpões para processamento de 60 mil aves por dia na província de Córdoba. Na Venezuela, a pedido do presidente Hugo Chavez, está assessorando a divisão agroindustrial da petroleira PDVSA no cultivo de grãos em área de 100 mil hectares.