Redação (24/06/2008)- O Brasil colocará hoje mais pressão sobre a Coréia do Sul e o México, na Organização Mundial do Comércio (OMC), para respeitarem o princípio da regionalização e abrirem seus mercados para a entrada da carne suína de Santa Catarina, que tem o status de livre de febre aftosa sem vacinação.
Célio Porto, secretário de Relações Internacionais do Agronegócio, do Ministério da Agricultura, considera "imprescindível" que os parceiros aceitem a regionalização. Do contrario, restará ao país examinar a derrubada de barreiras diante da OMC.
Ele salientou que os mercados que mais usam pretextos para não aplicar a regionalização são os que normalmente remuneram melhor a carne, o que torna ainda mais importante para o exportador brasileiro. A exceção é a União Européia, que tanto paga bem como aceita o princípio de isolar uma zona afetada de outras em boas condições sanitárias.
A mensagem do endurecimento brasileiro visa especialmente a Coréia do Sul. "É o único país com o qual as discussões bilaterais não saíram do zero." Os sul-coreanos até hoje não enviaram uma missão de veterinários para examinar a situação in loco. Já foram cobrados uma vez pelo Brasil no Comitê de Medidas Sanitárias e Fitossanitárias (SPS), da OMC. Brasília voltará a cobrar hoje.
O governo brasileiro esperava resolver a barreira contra a carne suína de Santa Catarina durante a reunião consultiva bilateral, marcada para este mês em Seul. Mas o governo coreano cancelou a reunião, alegando que no contexto político atual não tem condições de discutir o tema com o Brasil.
É que o governo sofreu intensa pressão pública, que levou o presidente a se desculpar duas vezes na televisão, por causa de um acordo com os EUA envolvendo importação de carne bovina. No fim de semana, o acordo foi sacramentado, após Washington se comprometer a limitar suas exportações para a Coréia de carne somente de animais com menos de 30 meses, para satisfazer as exigências da Associação Coreana dos Importadores Gado.
Com relação ao México, o governo sempre promete mandar missão veterinária, sem concretiza-la. Já com o Japão, as coisas andam melhor. Os japoneses devem publicar em breve o relatório da missa técnica que esteve em Santa Catarina em dezembro. Uma missão dos Estados Unidos também esteve no Estado na semana passada. O Canadá promete enviar uma missão até dezembro, mas quer em contrapartida que o Brasil reconheça o país como livre da doença da vaca louca.
Por outro lado, os EUA avisaram que reconhecerão em ritmo mais acelerado uma zona livre no Brasil da mosca "anastrepha grandes", praga vegetal que pode impedir entrada de produtos agrícolas no mercado americano.