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Mapa estuda fórmula para ajudar no combate à inflação

As medidas serão anunciadas junto com o Plano de Safra 2008/09, no final deste mês.

Redação (11/06/2008) – A chamada crise dos alimentos – com reajuste dos preços das principais commodities do setor, em termos mundiais, que acarretaram em pressão sobre a inflação – acendeu a luz "amarela" no governo brasileiro sobre a necessidade de estímulo à produção e, por outro lado, de intervenções para conter a disparada nas cotações das commodities. As medidas serão anunciadas junto com o Plano de Safra 2008/09, no final deste mês.

Por isso, segundo o secretário, Edilson Guimarães, a "idéia é fazer alguma previsão para o orçamento de 2009, para recompor alguma coisa de estoque". No entanto, para isto, o governo terá de fazer uma "reengenharia" nos instrumentos de política agrícola. Guimarães lembra que os preços mínimos – teoricamente baseados no custo de produção e que servem de referência para as intervenções estatais – estão defasados e, portanto, precisam ser reajustados para que pudesse ocorrer alguma ação governamental. Além disso, de acordo com o secretário, o governo estuda novos mecanismos de apoio.

Basicamente, os dois principais produtos de interesse do governo são arroz e milho. Os estoques públicos destes dois produtos atualmente são de 1,29 milhão de toneladas e 197,4 mil toneladas, respectivamente. Para dos estoques de arroz – cerca de 280 mil toneladas – foi ofertado ao mercado como forma de baixar o preço do cereal, que chegou a R$ 35 a saca ao produtor.

Guimarães lembra a maior necessidade hoje é de aumento de produção e, neste caso, os contratos de opção podem ser uma alternativa. "Os produtores vão ter de responder aumentando a produção. Nós (Brasil) estamos é ajudando o mundo a comer". Ele acrescenta ainda que o governo tem consciência que o atual patamar de preço dos alimentos deve se manter em 2009.

Ricardo Cotta, superintendente -técnico da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA), diz que seria ótimo se funcionasse uma política de estoques, com vista a garantir renda ao produtor. Mas ele lembra que muitas das vezes que os preços estavam abaixo do mínimo não foram feitas intervenções porque o governo não tinha recursos e, na época em que os estoques eram altos, havia muita corrupção e desvio. O superintendente afirma que a CNA quer um reajuste dos preços mínimos compatível com o aumento dos custos de produção para a safra 2008/09.

O professor Geraldo Sant´ana de Camargo Barros, coordenador Científico do Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada da Universidade de São Paulo (Cepea/USP), lembra que o rápido crescimento econômico mundial elevou a demanda e só se reverterá quando o mundo voltar a crescer a taxas menores, abaixo da média de 5%. "Portanto, de imediato, não dá para fazer quase nada", afirma.

"Os preços mínimos têm de ficar próximos da realidade de mercado, ou seja, devem ser trazidos para próximo dos preços em vigor. Isso evidentemente poderá estimular moderadamente a oferta, mas evidentemente, não vai baratear os alimentos agora nem no próximo ano", diz.

Outra alternativa, segundo ele, seria o governo poderia desonerar a carga tributária sobre alimentos; isso poderia reduzir um pouco o preço, mas iria estimular o consumo numa ocasião de oferta apertada". Portanto, para ele, a equação se soluciona com a ajuda do clima, para que a produção seja o esperado.

Para Barros, formar estoques agora iria agravar o abastecimento imediato. O professor acrescenta que o governo terá de esperar até que haja excedentes relevantes para recompor seus estoques.