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Medo da gripe aviária transforma mercado mundial de aves

Consumo pode cair de forma generalizada.

Redação (23/02/06) – A gripe aviária provocou mudanças no comércio mundial de frango, pois o medo da sociedade provocou a queda de alguns dos principais exportadores e abriu novos mercados para países onde não foram registrados focos da doença.

A Associação Brasileira de Produtores e Exportadores de Frango (Abef) teme que os casos de gripe aviária na Ásia, na Europa e na África esfriem o mercado mundial.

Para o Brasil, como país livre da doença, a situação atual seria vantajosa, mas a percepção que os consumidores têm da gripe aviária afeta todo o mercado disse o presidente executivo da Abef, Ricardo Gonçalves.

No ano passado o Brasil exportou 2,845 bilhões de toneladas de carne de frango, 15% a mais que em 2004, e recebeu US$ 3,5 bilhões pelas vendas, o que significa aumento de 35%.

No entanto, para este ano o cenário não se apresenta tão otimista, tanto que os produtores evitam falar de metas de exportação, pelo menos por enquanto, pois consideram que o mercado mundial passa por uma fase de “acomodação”.

Segundo a Organização das Nações Unidas para a Agricultura e a Alimentação (FAO), na região asiática afetada pelo vírus da gripe aviária há sete bilhões de frangos, aproximadamente 40% do total mundial. A produção de carne de frango na região formada por Vietnã, Tailândia, Coréia do Sul, Taiwan, Japão, Indonésia, Camboja, China e Laos representa 27% da produção global.

Das 20 milhões de toneladas de carne de frango produzidas nestes países, quase 65% correspondem à China e 7% à Tailândia, que até 2003 era o quarto maior exportador mundial de carne de frango, com 1,5 milhão de toneladas.

Desde a aparição da gripe aviária na Ásia e até novembro de 2005 a doença provocou a morte de mais de 140 milhões de aves de granja e prejuízos de cerca de 8,291 bilhões de euros. Segundo dados da FAO, a produção mundial de frangos cresceu em 2003 para 65 milhões de toneladas, sendo Brasil, EUA e China os principais produtores, representando 50% da produção mundial.

O Brasil e os EUA concentravam então 68,5% das exportações. O número aumentou no ano passado e deve subir mais com as restrições impostas a grandes exportadores como a Tailândia. Os principais importadores de produtos avícolas são Reino Unido, Alemanha, Arábia Saudita e Japão.

Neste contexto ganha destaque o mercado chinês, segundo maior produtor e exportador mundial. Pequim acaba de proibir a importação de aves domésticas e selvagens de todos os países onde foi detectado o vírus H5N1, o mais perigoso para seres humanos, depois dos últimos focos registrados na França, na Alemanha e na Nigéria.

Cerca de 25% dos frangos do planeta, dois terços dos patos domesticados e quase nove décimos dos gansos domésticos vivem na China, onde são consumidos e onde a gripe aviária matou 150 mil aves em 2005 e obrigou o sacrifício de mais 21 milhões de animais.

Segundo analistas, os mais de 30 focos do vírus H5N1 em aves e os 12 casos em seres humanos, com oito mortes, não terão grande impacto na economia da China, onde os cientistas desenvolvem uma alteração genética nos frangos para que nasçam imunes à doença.