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Mercado da soja em queda, analisa Cepea

Em março, os preços soja caíram fortemente. No mercado externo, houve impacto da crise imobiliária americana, que refletiu na saída de fundos e de grupos de investimento das commodities agrícolas.

Redação (18/04/2008)- No Brasil, o avanço da safra e a primeira estimativa da temporada 2008/09 divulgada pelo USDA no final de março, que sinalizou aumento da previsão de área a ser plantada nos Estados Unidos, foram os principais fatores de baixa.

No acumulado do mês, o primeiro vencimento da bolsa de Chicago (CBOT) teve queda de 21,3%, passando de mais de US$ 15,00/bushel no início de março para abaixo dos US$ 12,00/bushel no último dia do mês. As cotações dos derivados também caíram no mês. O primeiro vencimento do farelo de soja acumulou queda de 14,2%. Para o óleo, o decréscimo foi de 24,5%.

No Brasil, o Indicador ESALQ/BM&F para o produto posto porto de Paranaguá registrou queda de 14% durante o mês. O Indicador CEPEA/ESALQ, referente à média de cinco regiões do estado do Paraná, também desvalorizou, 12,7%. Entre as regiões pesquisadas pelo Cepea em todo o País, houve redução média de 10,3% no mercado de balcão (ao produtor) e de 11,8% no de lotes (negociações entre empresas).

Estimar o limite de baixa para as commodities agrícolas foi o grande desafio de agentes do mercado no correr de março. Desde meados de 2007, quando foi dado um maior impulso às cotações externas, já se sabia que parte das altas vinha da maior presença de fundos e grupos de investimentos, como já havia sido observado em 2004, apesar de, naquela época, ter sido em menor intensidade. Ao mesmo tempo, havia expectativa de que em algum momento essa tendência poderia ser revertida, caso os fundos saíssem destes mercados. E parece ser esta a situação atual. Agora, fundos e grupos de investimentos apontam preferência por metais (alumínio, cobre, zinco, níquel e ouro) e energia.

A desvalorização dos mercados asiáticos de óleo vegetal também influenciou negativamente as cotações em março. Tais quedas ocorreram pela volatilidade das bolsas mundiais e também porque a China decidiu usar seus estoques estratégicos de óleo de soja para controlar a inflação.

Os rumores de que alguns fundos teriam sido forçados a liquidar posições para evitar a exposição ao risco de crédito também reforçaram as quedas. O fato é que fundos e grupos de investimentos sinalizaram dificuldades de honrar compromissos financeiros e precisaram de recursos para cobrir déficits com títulos imobiliários. Fundos e grupos de investimentos apresentam falta de recursos inclusive para depositar como margens de garantias nas bolsas e, com isso, se viram obrigados a liquidar parte de seus ativos para não ficarem inadimplentes.

Vale ressaltar, porém, que os fatores técnicos do setor de soja permanecem altistas (relação de oferta e demanda mundiais muito justa), o que garantiu novo fôlego às cotações internacionais no final do mês.

Mesmo com a previsão apontada pelo USDA de aumento da área de soja a ser plantada nos Estados Unidos, os estoques finais são baixos, o que dá suporte às cotações. Além disso, a restrição dos embarques do produto da Argentina – o governo daquele país optou por aumentar a alíquota de exportação de soja grão de 35% para 44% – pode favorecer as vendas de importantes países exportadores como Brasil e Estados Unidos.

Apesar de a Argentina embarcar principalmente farelo e óleo, esse fato faz deslocar a demanda da Argentina para outros fornecedores de soja e derivados. Assim, Brasil e Estados Unidos podem se beneficiar, pois são os únicos países com excedente de oferta para atendimento de demanda adicional.

Análise sobre o mercado de soja elaborada pelo Cepea. Equipe: Prof. Lucilio R. Alves, Ana Amélia Zinsly, Flávia E. Gutierrez, Renata Maggian, Matheus Rizato e Tamires Vitio.
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Análise completa, gráficos e outras informações estão disponíveis em
www.cepea.esalq.usp.br/agromensal/2008/03_marco/Soja.htm#_I_-_An%C3%A1lise