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Milho eleva cotação do etanol e importador recorre ao Brasil

O preço do álcool hidratado, que desde o dia 2 de maio acumula queda de 17,39% no mercado interno, subiu nesta semana 0,99%.

Redação (16/05/2008) – A condição das lavouras de milho, que estão alagadas, e a expectativa de redução de produção de etanol nos Estados Unidos elevaram fortemente as cotações do combustível na Bolsa de Chicago (CBOT) nesta semana. Em cinco dias (entre 9 e 13 de junho) a alta foi de 14,1%. A guinada – e o receio de que os preços aumentem ainda mais – causou uma corrida de importadores americanos ao álcool brasileiro, o que inverteu o cenário de preços, tanto na exportação quanto no mercado interno.

O preço do álcool hidratado, que desde o dia 2 de maio acumula queda de 17,39% no mercado interno, subiu nesta semana 0,99%, segundo o indicador do Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea/Esalq/USP). "Houve também um enxugamento físico de produto, pois ocorreram nesta semana muitos embarques de álcool contratados no ano passado", acrescenta Miguel Biegai Júnior, analista da Safras & Mercado.

Nesta última semana, foi identificada a demanda de importadores por 500 milhões de litros de álcool do Brasil, volume que representa 25% de todos os contratos de exportação firmados em todo este ano (2 bilhões de litros), Tarcilo Rodrigues, diretor da Bioagência. "As usinas brasileiras é que estão agora em estado de espera de mais altas", afirma Rodrigues.

Na sexta-feira, o etanol foi cotado na CBOT em US$ 2,799 o galão (3,785 litros), forte alta no dia de 4%, enquanto a gasolina é que recuou 1,7% para US$ 3,4626 o galão. Desde o dia 9 de junho, o preço do etanol na CBOT valorizou-se 14%, saindo de US$ 2,451 para US$ 2,799 o galão.

Com essa guinada, o valor do metro cúbico do hidratado no Brasil no porto (FOB) elevou-se de US$ 520. Descontando-se o frete da usina até o porto (US$ 50 por m3), esse valor para o produtor fica em US$ 470 o metro cúbico – US$ 0,47 o litro. Ao câmbio atual (R$ 1,64), o valor na usina é de R$ 0,77, acima do custo médio de produção que, segundo a consultoria Datagro, nesta safra está em R$ 0,71.

Biegai, da Safras, cita que na última terça-feira, a oferta de importação do anidro estava em US$ 480 o metro cúbico. Na quinta-feira, esse valor subiu para US$ 500 e na sexta-feira, estava em US$ 530 e não havia vendedor, segundo o analista. "Compradores acreditavam que, por conta da safra, fossem conseguir comprar muito etanol no mercado spot. Isso não ocorreu e há um certo desespero no mercado porque navios estão chegando, não há combustível em grandes volumes e os preços estão subindo", conta Biegai.

O movimento nos preços do etanol tem relação, segundo Rodrigues, com a especulação de que, com a alta no preço do milho, o produtor americano vai reduzir fabricação se não for remunerado acima dos custos de produção, o que não estava acontecendo. Há rumores ainda de que a chuva no Meio-Oeste americano vai provocar replantio de área de milho, mas com soja.

Para Rodrigues, as cotações do etanol no mercado americano retornam, "facilmente", para o patamar de US$ 550 (FOB). "São preços de 2006, quando o petróleo não estava nos patamares atuais", diz.