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Milho em alta faz oferta escassear

Já a venda especulativa derruba cotação da soja.

Redação (22/04/2008)- A perspectiva de uma produção recorde de 56,2 milhões de toneladas de milho em 2007/08 não tem sido garantia de dias tranqüilos para a indústria de aves e suínos. Diante dos preços elevados do milho nos mercados interno e externo, e a possibilidade de novas altas, produtores estão restringindo as ofertas do grão, o que torna a comercialização mais lenta, segundo fontes da indústria e analistas.

"A comercialização de milho está lenta, o produtor está vendendo soja para a aproveitar os preços bons", comenta Paulo Molinari, da Safras&Mercado.

Uma fonte da indústria de aves diz que o quadro preocupa e que não é possível repassar toda a alta do milho para o produto final. Conforme a Safras, os preços atuais do milho no mercado disponível do Paraná variam entre R$ 22,50 e R$ 24,00 a saca, em média. Em abril de 2007, a média era de R$ 16,20.

No porto de Paranaguá, a saca de milho estava entre R$ 25,00 e R$ 26,50 na última sexta-feira, segundo a Safras. Considerando um frete de R$ 4,00 até a região de produção, no interior paranaense, o preço no mercado doméstico estava mais atraente.

Outro representante de grande indústria admite que há risco de a alta dos insumos atingir as margens da empresa, já que o repasse de custos pode ser acompanhado de menor volume.

Molinari avalia que o setor de aves e suínos terá de se adaptar ao novo quadro e corrigir os preços para cima. "Não se trata de uma bolha especulativa. Estamos num cenário de mudança de patamar de preços [dos insumos]", afirma. Essa mudança decorre principalmente da maior demanda pelo milho para produção de etanol nos EUA. Nesse quadro, o Brasil avançou no mercado externo e a expectativa é de que exporte 11 milhões de toneladas na atual safra.

As grandes empresas de aves e suínos têm mais mecanismos para minimizar a elevação dos preços do insumo, mas as menores já sofrem e algumas podem não aguentar a pressão de alta.

Enquanto o custo de produção em São Paulo, onde existem avicultores independentes, já alcança R$ 1,65 a R$ 1,70 por quilo, a cotação do frango vivo na granha está em R$ 1,35 por quilo, conforme levantamento da Jox.

Além de enfrentar maiores custos, o setor de aves também vive pressão de oferta. Dados do mercado indicam que o alojamento de pintos alcançou entre 440 milhões e 442 milhões de cabeças em março.

Soja-  Vendas especulativas técnicas derrubaram as cotações da soja nessa segunda-feira (21-04) na bolsa de Chicago. Segundo analistas ouvidos pela Dow Jones Newswires, as vendas foram motivadas pela falta de notícias para sustentar os preços futuros. A queda em outros grãos e a fraqueza nos mercados da Ásia também estimularam as liquidações na bolsa americana. Os contratos com vecimento em maio fecharam com queda de 46 centavos de dólar a US$ 13,155 e os de julho recuaram 46,50 centavos de dólar a US$ 13,305. De acordo com a Bloomberg, a queda registrada no contrato com vencimento em julho é a maior desde 31 de março. A soja subiu 84% no ano passado, alcançando o recorde de US$ 15,8625 em 3 de março, segundo a Bloomberg. O indicador Cepea/Esalq para a soja do Paraná ficou em R$ 44,60 na sexta-feira.