Redação (10/01/2008)- Sucessivas altas no preço do milho podem acabar afetando ainda mais a mesa do brasileiro. Desde julho do ano passado, o produto vem apresentando aumentos que chegam a quase 40%.
O problema é que o milho é o produto que representa a maior quantidade de insumo na produção de frango, o equivalente a 60%. Desta forma, num efeito cascata, a carne de frango pode apresentar também um aumento. Isso ainda inclui o ovo e o óleo de cozinha (produzido do milho).
Especialistas apontam essa alta às exportações, especialmente para os Estados Unidos. A exportação se deve à produção de combustível, produzido naquele país a partir do milho. Em 2007, exportações para a Europa também causaram uma redução na oferta interna do produto, o que também contribuiu para o aumento dos preços. O diretor de Gestão e Estoque da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), Rogério Colombini, chegou a afirmar, em novembro, que não faltaria milho no Brasil para abastecer os criadores de frango e suínos.
De acordo com o diretor, no próximo mês deverá começar a colheita do grão, o que pode garantir o abastecimento do mercado interno. Ele ainda destacou que o país tinha, na época, um estoque de
O economista Luciano Amaral explicou que, diferentemente da questão do feijão, cuja alta nos preços se deve à entressafra, o aumento no preço do milho é uma questão comercial, de mercado. “O Brasil complementa a oferta interna com milho importado da Argentina, então acredito que não haverá falta do produto. Mas acredito que é preciso uma regulação a respeito de destinar extensas lavouras de milho somente para a exportação, esquecendo do mercado interno”, afirmou.
Luciano alerta que destinar extensas áreas para o cultivo de milho visando somente à exportação pode afetar outras culturas, como a soja. “Substituir as áreas de cultivo de alimentos somente para uma cultura que será exportada para a fabricação de combustível pode acarretar na redução de outras culturas. É necessário incentivar a questão comercial, mas sem esquecer do pequeno agricultor, que planta basicamente para a sua alimentação”, afirmou.
Dificuldade já é sentida pelo setor da avicultura
A saca de milho de 50 quilos, que antes era comprada por R$ 38,00, hoje já é encontrada a R$ 43,00 no mercado de Boa Vista (RR). O produto vem do Mato Grosso. O empresário Renato Lopes, proprietário de uma agropecuária, disse que devido à alta do produto já foi anunciado um aumento de 30% para a ração.
A pouca produção de milho no Estado não consegue abastecer o mercado de Roraima, segundo ele, o que afeta no preço, já que é preciso trazer o produto de outros estados.
O avicultor João Firmino Mesquita afirmou que, por enquanto, o preço do ovo está caindo. “Não temos para quem vender. Esse ano não haverá lucro para os granjeiros porque a situação está complicada”.
Segundo ele, o ideal seria a produção de uma caixa de ovo para pagar dois sacos de ração. Hoje, uma caixa de ovo está pagando apenas um saco de ração, o que significa prejuízo para o produtor.
“Cheguei a produzir 150 caixas de ovo por dia na minha propriedade. Hoje, produzo 75 caixas”, explicou o avicultor. A produção na granja de Mesquita, localizada no Monte Cristo, abastece supermercados da Capital.