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Ministro da Economia argentino renuncia em meio a crise agrária

A presidente Cristina Kirchner pediu a renúncia de Lousteau por diferenças na instrumentação da política econômica.

Redação (28/04/2008)- O ministro da Economia argentino, Martín Lousteau, anunciou sua renúncia nesta quinta-feira (24) em meio ao intenso conflito entre o governo e produtores rurais, que já dura mais de um mês.

Segundo uma fonte do governo argentino, " a presidente [Cristina Kirchner] pediu a renúncia de Lousteau por diferenças na instrumentação da política econômica".

Lousteau é um dos criadores da taxa que incide sobre as exportações de soja –cuja aprovação gerou a ira dos agricultores.

A soja é o principal produto de exportação do país, que também é o terceiro exportador mundial do grão e o principal de azeites e farinhas de sementes oleaginosas.

Lousteau, 36, havia sido convocado para conduzir a Economia em 10 dezembro, após a vitória de Cristina na eleição para a sucessão de Nestor Kirchner (2003-2007).

A imprensa argentina citou Carlos Fernández, da AFIP (Associação Federal de Ingressos Públicos, a Receita Federal argentina), como o nome para assumir o ministério.

Fernández deve ocupar o cargo às 19h desta sexta-feira.

Crise

A crise dos produtores rurais atingiu seu ápice no dia 13 de março, quando os produtores de soja decidiram realizar um locaute (paralisação) após as taxas impostas pelo governo, que planejava elevar em entre 35% e 44% os impostos sobre as exportações da soja.

O novo sistema tributário é "um confisco" adicional de cerca de US$ 2,5 bilhões anuais, segundo as associações agropecuárias.

Panelaços se espalharam pelo país em protesto contra a medida. Milhares de pessoas participaram de manifestações contra a presidente Cristina Kirchner ocupando a Praça de Maio e diversos bairros de Buenos Aires.

O protesto na capital foi acompanhado por manifestações em diversas cidades das principais províncias agrícolas da Argentina, como Santa Fe, Córdoba e Tucumán.

Nos dias seguintes ao anúncio do locaute, estradas foram fechadas e o fornecimento do produto ficou sob ameaça.

Na ocasião, Lousteau chamou os grevistas de irresponsáveis, dizendo que os protestos em Buenos Aires "foram montados por dirigentes que não estão ideologicamente de acordo com o governo".

Lousteau disse que o governo garantiria o abastecimento e ratificou a alta dos impostos.

Governo

Nesta quinta-feira, o governo de Cristina e o ministro ganharam uma nova voz contra o campo. O ex-presidente Néstor Kirchner criticou os dirigentes agrários durante um comício em Ezeiza, na periferia sul de Buenos Aires.

O setor agrário ameaça uma nova greve e um novo bloqueio de estradas caso o governo não ceda.

"Não queimem mais os campos, não nos joguem mais fumaça, não desabasteçam, não interrompam mais as estradas e não brinquem com o desenvolvimento da Argentina", disse o marido da atual presidente.

As quatro mais importantes entidades do campo estão negociando contra o tempo com o governo federal, já que em 2 de maio vence a trégua aprovada há um mês, que acabou com 21 dias de greve e o desabastecimento de alimentos.

Kirchner denunciou que os agricultores argentinos "querem vender tudo para o exterior". "Não querem vender nada na Argentina. Não lhes importa o estômago e o bolso dos argentinos".