Redação (30/06/2008)- A estrutiocultura completou recentemente 13 anos de atuação no Brasil. Há apenas 5 anos foi reconhecida pelo Ministério da Agricultura Pecuária e Abastecimento – MAPA, como uma atividade zootécnica de produção, quando em fevereiro de 2003 o MAPA editou a instrução normativa nº 02, que fiscaliza e regra até os dias de hoje a criação de avestruzes no Brasil. Pórem, notamos que a estrutiocultura de corte ou industrial, só começou a tomar corpo nos últimos dois anos, quando em 2006, com um sintomático aumento dos abates que saltam de 1774 para 14.306 aves e, em 2007 para 30.071 abates.
Muitos criadores e empreendedores do setor reclamam pela falta de liquidez dos produtos, notadamente o da carne, e foi exatamente por isso, que iniciamos historicamente este comunicado, buscando resgatar a nossa inerente condição de neófitos no mercado cárneo brasileiro, pois, é exatamente pela falta de cultura no consumo dos produtos do avestruz, que explicaremos a relativa e pequena liquidez da carne de avestruz no Brasil.
Hoje vivemos uma grande oferta de carne de avestruz no mercado, o que orquestrado pela lei da oferta/procura provocou paulatinamente a queda de seu preço no segmento de carnes. Muitas empresas, cooperativas e criadores, embuídos pela necessidade de escoar rapidamente sua produção, entraram agressivamente no mercado, estabelecendo até mesmo preços abaixo do custo de produção.
Pois bem, o consumo aumentou, mas muito pouco, frustrando impiedosamente a expectativa dos protagonistas de tal estratégia. Pena, que tenha se aprendido com a pior das dores, aquela que afeta o bolso, que um produto alimentício pouco conhecido, mesmo que tenha excelentes qualidades nutritivas, não sairá facilmente das câmaras frigoríficas, sem uma apresentação profissional de seus atributos físico-químicos, através de cartazes e panfletos, e principalmente, suas qualidades sensoriais, por intermédio do oferecimento do produto para degustação.
Pois bem, senhores, vivemos um momento muito oportuno e "sui generis" no Brasil. Atualmente as carnes, notadamente a bovina, embaladas por um misto de especulação e falta de produto no mercado, começaram a aumentar seu preço vertiginosamente, onde a carne bovina e de avestruz começam a ser encontradas praticamente em pé de igualdade nas prateleiras.
Caso não nos organizemos, e juntos, criemos uma campanha nacional para divulgar e promover a carne de avestruz, utilizando a bandeira associativa de nossa ACAB, perderemos esta grande chance de iniciar uma efetiva aculturação da carne de avestruz no Brasil.
Recentes pesquisas feitas pela Faculdade de Ciências Agrárias da UFGD- Dourados (MS), mostraram em suas estatísticas científicas um resultado surpreendente quando foi oferecida carne de avestruz e de boi para um público amostral, sem mencionar sua procedência:
1- A maioria das pessoas não conseguiram diferir muito bem, qual a origem da carne, se de avestruz ou de boi.
2- A maioria das pessoas indicavam, sem saber, que a de avestruz causava maior satisfação, onde se ressaltava, principalmente, a maciez da carne.
Em hipótese alguma este resultado pode ser interpretado efemeramente como uma afronta aos pecuaristas, mas sim, uma constatação estatística, de que a carne de avestruz possui grande chance de ser aculturada no Brasil, pelo fato do seu sabor ser muito próximo ao da carne bovina, o que muito nos alegra, pois, a carne de boi, além de ser um excelente e nutritivo alimento, é a rainha no consumo das proteínas de origem animal em nosso país.
Este fato, aliado ao atual pareamento do preço da arroba do boi vivo com a do avestruz, que há alguns anos atrás era quatro vezes maior, a favor do avestruz ( vide gráfico ao lado); situação esta criada nestes novos tempos de alimentos mais caros e, que ao que tudo indica irão perseverar por um certo período, é um momento estratégico e providencial, que se apresenta de bandeja aos empreendedores da estrutiocultura, para agirmos associativa e articuladamente, buscando a aculturação da carne de avestruz no Brasil, investindo em um sólido e profissional plano de marketing em nível nacional, que apresente nosso produto de forma sistemática e dirigida ao nosso público alvo.
A cultura de um povo se estabelece pela disseminação de seus costumes, que passam temporalmente de geração para geração. Não temos o direito de cobrar que do dia para a noite, os consumidores brasileiros começem a comer arbitrariamente a carne de avestruz, sem antes, apresentá-la devidamente para nossos "convidados", como rezam as boas regras de etiqueta social; pois, além de podermos ser interpretados como mal educados, nós ativistas do agronegócio do avestruz, vamos cada vez mais postergar com tristeza a consolidação da estrutiocultura industrial brasileira.