Redação (13/03/2008)- Depois de registrar em janeiro deste ano o segundo maior alojamento de pintos de corte da história do país, o setor avícola manteve a produção em níveis elevados em fevereiro, o que gera uma superoferta e queda de preços do frango. Levantamento da Associação Brasileira dos Produtores de Pintos de Corte (Apinco) mostra que em janeiro o alojamento alcançou 460,7 milhões de cabeças, pouco abaixo dos 463,4 milhões de outubro de 2007, quando foi recorde.
Para fevereiro, segundo a Apinco, a previsão inicial é de alojamento de 430 milhões de pintos, o maior número para o mês, que tem menos dias que os demais do ano. O secretário-executivo da Apinco, José Carlos Godoy, afirma que a produção vinha em ritmo forte e isso se manteve no primeiro bimestre deste ano. Para o mês de outubro, o recorde não surpreende, já que nessa época o setor produz de olho nas festas de fim de ano – a ave alojada em outubro é abatida entre a segunda quinzena de novembro e de dezembro. O que chama a atenção é a manutenção dos volumes elevados de alojamento no primeiro bimestre. Na avaliação de Godoy, isso ocorre porque os projetos de expansão das empresas começaram a maturar. Além disso, colocar o pé no freio na produção significa reduzir o faturamento das companhias.
O bom desempenho das exportações de carne de frango também estimulou os produtores a manterem o alojamento em níveis elevados. Mas Godoy pondera que o crescimento foi expressivo em 2007 porque teve como base de comparação um ano de crise. No ano passado, o país exportou 3,286 milhões de toneladas de carne de frango, um aumento de 21% sobre 2006. "Cresceu de forma excepcional em cima de um ano de crise", disse. Em 2006, os embarques brasileiros de aves haviam sido afetados pelo temor da gripe aviária no mercado internacional. Há que se considerar ainda que as exportações respondem por um percentual de 32% da produção total de carne de frango, que em 2007 ficou em 10,305 milhões de toneladas.
Isto é, o maior mercado para o setor avícola é ainda o doméstico. Para Oto Xavier, da Jox Assessoria Agropecuária, uma das razões para a produção se manter firme é que os exportadores imaginavam que poderiam vender ao exterior mais do que estão embarcando efetivamente. Em janeiro passado, as exportações brasileiras somaram 274,9 mil toneladas, 31,4% mais do que no mesmo período de 2007. A oferta excessiva decorrente do alojamento forte no bimestre derruba os preços do frango vivo no mercado independente de São Paulo. Ontem o quilo da ave viva ficou em R$ 1,25, bem abaixo dos R$ 1,65 do início deste ano. Com isso, já há avicultores trabalhando no prejuízo, uma vez que o custo de produção segue elevado por causa dos preços altos dos grãos. Segundo Oto Xavier, o custo de produção hoje varia entre R$ 1,40 e R$ 1,60 por quilo em São Paulo. Tanto Xavier quanto Godoy afirmam que não há redução na demanda por carne de frango no mercado. "A demanda está normal, mas há exagero de oferta", diz Godoy. "Ninguém deixou de comer, mas a oferta [de frango] está muito grande", concorda Xavier. Para ele, não há indícios de que o mercado possa melhorar logo em decorrência da superoferta.