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Pacote agrícola do governo divide representantes dos produtores

O presidente da CNA até reconheceu que eles têm razão nas reclamações, mas preferiu destacar os aspectos positivos dos atos assinados pelo presidente Lula.

Redação (28/05/2008)- As três medidas anunciadas pelo governo para beneficiar o setor agrícola foram elogiadas pelo presidente da Confederação Nacional da Agricultura, Fábio Meirelles, mas mereceram críticas de representantes dos agricultores de Mato Grosso e Goiás ouvidos pela Agência Brasil, que as consideraram insuficientes para resolver a grave situação que eles enfrentam naqueles estados.

O presidente da CNA até reconheceu que eles têm razão nas reclamações, mas preferiu destacar os aspectos positivos dos atos assinados pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva, principalmente a medida provisória que reestrutura a dívida rural.

O presidente da Federação da Agricultura Pecuária do Estado de Mato Grosso (Famato), Rui Carlos Otoni Prado, disse que "o governo, mais uma vez, foi tímido nas suas soluções, mas foi muito bom no diagnóstico, uma vez que a medida provisória diminui os juros, mas não alonga os prazos da maneira que o produtor precisa para cumprir seus compromissos".

O vice-presidente da Associação dos Produtores de Algodão do Mato Grosso (Ampa), Carlos Agustin, concorda e diz que, além de mais prazo, os agricultores mato-grossenses precisam de mais redução de juros e de um programa de renda.

O presidente do Sindicato Rural de Cristalina (GO), Vitor Simão, ressalta que a medida provisória reconhece o problema do endividamento agrícola. "Só que quando chega o momento da solução, ela não resolve o problema das dívidas acumuladas pelo setor nos últimos anos, devido à ferrugem asiática na soja e ao preço baixo de milho durante a colheita".

Na opinião de Fábio Meirelles, o agricultor não vai ter ganho direto com a reestruturação da dívida agropecuária. "Com os R$ 9 bilhões a menos na dívida do produtor, ele vai deixar de perder R$ 9 bilhões. Mas o importante na medida é que o governo se alertou que a agropecuária brasileira é uma necessidade – política, social e até para a democracia na consolidação da produção agrícola".

O presidente da CNA elogia o Fundo de Catástrofe, lembrando que milhares de produtores já ficaram sem nada por causa de secas e outros desastres ambientais "e foram para as cidades com uma mão na frente e outra atrás". Além disso, ele ressalta que o governo vai adotar políticas de sustentabilidade da economia agrícola para ajudar o produtor.

Quanto à criação da função de adido agrícola nas embaixadas brasileiras, Fábio Meirelles considera "uma grande medida", porque o mercado internacional é muito competitivo. "Nós temos que saber o que está ocorrendo no mercado internacional e o adido agrícola vai trazer para nós elementos importantes. Com isso, teremos um mercado mais atuante e de melhor qualidade, além de sabermos as necessidades internacionais mais rapidamente. Também vai facilitar para o próprio governo estabelecer programas de agricultura para capacitar as atividades e gerar renda, porque a agricultura brasileira hoje tem produtividade, tem mercado e sabe abastecer. Não podemos desprezar esse know-how."