Redação (14/01/2008)- Ao contrário dos frigoríficos de carne bovina, que vivem o desafio de ressuscitarem seus papéis na Bolsa de Valores de São Paulo (Bovespa) após o forte tombo do ano passado, a Sadia e a Perdigão devem encerrar 2008 com novas altas. A situação dessas empresas, que focam sua atuação em processados de frango e suínos, é bastante diferente da de seus pares do ramo bovino.
Enquanto os demais frigoríficos precisam convencer europeus e russos de que a carne de boi brasileira é saudável, a Sadia e a Perdigão já superaram os efeitos negativos da crise aviária de 2006, que fechou mercados e impôs pesadas perdas às empresas. Para se ter uma idéia, a exportação de carne de frango "in natura" foi o principal item da pauta de carnes brasileira no ano passado. De janeiro a novembro, esse produto rendeu embarques de 3,8 bilhões de dólares – um incremento de 43% sobre o mesmo período do ano passado. Em contraste, a carne bovina "in natura" representou 3,236 bilhões de dólares, com alta de 12,6%. Esse item foi bastante prejudicado pela campanha negativa movida pelos produtores europeus, o que fez com que o setor encerrasse o período de junho a novembro com exportações 4,54% menores que no mesmo intervalo de 2006.
Refletindo a recuperação operacional, os papéis fecharam o ano em alta. Entre o primeiro e o último pregão do ano passado, as ações ordinárias da Perdigão subiram 47,60%. Já as preferenciais da Sadia – as mais negociadas da empresa – encerraram com valorização de 39%. No mesmo período, o Ibovespa, principal indicador do pregão paulista, acumulou ganhos de 43%.
A tendência de valorização desses papéis deve continuar em 2008. O cenário do setor continua favorável, tanto no exterior, quanto no Brasil. "Deve crescer o consumo de carne branca nos Estados Unidos, porque a carne bovina está cada vez mais associada aos problemas de obesidade", diz Peter Ping Ho, analista da corretora Planner.
No Brasil, a expansão da renda e do nível de emprego deve elevar a massa salarial e, por tabela, a renda disponível para consumo. "Além disso, a Sadia e a Perdigão estão cada vez mais focadas em produtos processados", diz Rafael Cintra, analista da Link Corretora.
A Link projeta uma cotação de 56 reais para as ordinárias da Perdigão no fim do ano. O valor representa uma alta de 23% sobre o fechamento da última quinta-feira (10/1). Para a Sadia, a expectativa é de 13,20 reais para as preferenciais – um incremento de 29% sobre a quinta-feira.
Papéis da Sadia e da Perdigão terão novo ano de alta, dizem corretoras
Enquanto os demais frigoríficos precisam convencer europeus e russos de que a carne de boi brasileira é saudável, a Sadia e a Perdigão já superaram os efeitos negativos da crise aviária de 2006.