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Pesquisa do NUPEA estuda relação entre pré-abate e estresse em frangos

Não existe nada que diga ao produtor qual o tempo e condições climáticas ideais para a realização eficiente dessa etapa.

Redação (24/06/2008) – Da granja ao abatedouro, a ave passa por situações que elevam seu nível de estresse. O desconforto já começa desde a captura desses animais, que são colocados em caixas para serem transportados em caminhões. Essas viagens que podem durar horas, expõem os frangos às mais diversas situações climáticas levando-os a estados de estresse fisiológico, muitas vezes relacionado aos elevados índices de perdas, que podem ultrapassar 1% na realidade climática brasileira, na maior parte do ano.
Quando a ave chega ao seu destino, o abatedouro, um novo ciclo inicia-se, a fase da espera antes do abate. Para o pesquisador de bioclimatologia animal do NUPEA/ESALQ, Frederico Marcio Corrêa Vieira, não há nenhum tipo de padrão que possa servir de referência para a prática da espera. “Não existe nada que diga ao produtor qual o tempo e condições climáticas ideais para a realização eficiente dessa etapa”, afirma.
O trabalho de mestrado desenvolvido por Vieira foca exatamente essa fase das operações do pré-abate avícola. Segundo o pesquisador, as condições atuais não permitem que os caminhões descarreguem os animais na linha de abate logo que chegar ao abatedouro, por isso a espera passa a ser um procedimento compulsório, além de servir como um período de mitigação do estresse dos animais.

Em sua dissertação intitulada, “Avaliação das perdas e dos fatores bioclimáticos atuantes na condição de espera pré-abate de frangos de corte”, Vieira mostra que a espera sem um controle climático e de tempo, pode elevar a taxa de perdas em um carregamento.
“Em distâncias acima de 50 quilômetros, a ave entra em uma fase irreversível de estresse, e sua morte pode ser apenas uma questão de tempo, pois seu organismo não possui condições de se reabilitar após a operação do transporte, neste caso, o tempo de espera prolongado, representaria um número maior de perdas de aves, mesmo que a climatização seja adotada nos galpões de espera”, afirma Vieira.
O pesquisador ainda admite a importância do período de espera para viagens mais curtas, pois essa prática permite que a ave retorne ao seu estágio normal de conforto, o que reduz as perdas.
O zootecnista alega que para a melhora do controle climático do ambiente, a alternativa é a instalação de termohigrômetros ao longo do galpão, para que seja feita a coleta de dados e controle da temperatura e umidade do ambiente ao longo do dia, e uma distribuição homogênea do ar resfriado na carga. “A instalação de ventiladores e nebulizadores já são largamente utilizados pelos produtores, mas não há um acompanhamento rigoroso da eficiência deste sistema de resfriamento”, ressalta.
Outros dois fatores levados em conta na analise do estudo foram as estações do ano e a densidade de aves por caixa. No primeiro fator citado, o verão se mostrou como o período mais letal para as aves, com uma média de mortalidade próxima a 1% do carregamento, principalmente no período da tarde.
A densidade de aves por caixa com a interação dos turnos do dia, também se mostrou uma variável importante na quantificação da eficiência da espera. No estudo, é mostrado que sete aves por caixa é o número mais eficiente nos turnos da noite e da tarde, pois com essa quantia houve menos perdas no carregamento, porém no turno da manhã, a eficiência máxima é alcançada com 10 aves por caixa.
Para o pesquisador, os paradigmas nas operações do pré-abate necessitam ser confrontados com dados empíricos e padrões retirados a partir de informações científicas. “O Brasil é o maior exportador de frangos do mundo, e para que possamos manter essa liderança, a redução de custos relacionados às perdas na produção precisa ser sanada”, declara.