Fonte CEPEA

Carregando cotações...

Ver cotações

Preço do suíno caiu muito em MT

As notícias para os suinocultores brasileiros não foram muito animadoras nesse início de ano.

Redação SI (10/02/06) – Mas a pior de todas é que a Rússia principal mercado consumidor da carne suína brasileira deve manter o embargo em conseqüência do surgimento de focos da febre aftosa no Mato Grosso do Sul e Paraná.

A suspensão foi imposta no dia 13 de dezembro e afetou inicialmente a produção de carne de boi e de suíno dos Estados de Goiás, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Minas Gerais, Paraná, Rio Grande do Sul, Santa Catarina e São Paulo. Cerca da metade de toda a carne suína consumida na Rússia é brasileira.

Mato Grosso hoje é o quarto exportador da carne suína no país, ficando atrás, pela ordem, de Santa Catarina, Rio Grande do Sul e Minas Gerais. O gerente administrativo da Associação dos Criadores de Suínos de Mato Grosso Acrismat, Custódio Rodrigues de Castro Júnior, considera especulativo o impacto do embargo russo, pois os resultados mostram que as exportações se mantiveram estáveis e o único problema foi que o preço da carne caiu internamente.

“Percebemos que em alguns Estados o preço da carne de porco caiu. Em Mato Grosso, por exemplo, tínhamos um valor equiparado ao de Santa Catarina e Paraná, que hoje vendem o quilo a R$ 1,60, oscilando até R$ 1,70, enquanto o nosso está em R$ 1,45 chegando até a R$ 1,20 afirma Custódio Rodrigues.

O dirigente da Acrismat admite que a diferença é grande, lembrando que o governo e a indústria especulam, mas os números oficiais provam o contrário, pois Mato Grosso continua exportando. O quilo do suíno vivo despencou, de dezembro para janeiro, de R$ 2,40 e R$ 2,50 para R$ 1,40 a R$ 1,70. Com isso, o mercado fica nas mãos dos especuladores”, avalia o dirigente.

As exportações brasileiras de carne suína somaram 36.305 toneladas em janeiro e geraram uma receita cambial de US$ 66,6 milhões. Em relação ao desempenho de janeiro do ano passado, houve um ligeiro recuo de 2,7% na receita e de 3,3% no volume exportado. Os dados foram divulgados pela Associação Brasileira da Indústria

Produtora e Exportadora de Carne Suína Abipecs. O preço da carne em janeiro fechou a US$ 1.834 por tonelada, com alta de 0,63% em relação a janeiro de 2005.

“O suinocultor de Mato Grosso foi muito prejudicado porque hoje está praticamente pagando para ficar em atividade, pois muitos estão tendo custos de produção superior ao valor que estão vendendo, mas a expectativa é que haja uma compensação. Estamos ouvindo que a partir do final de fevereiro a Rússia vai recomeçar as importações e isso deve desafogar e aumentar o preço de mercado” explica Custódio Rodrigues.

Outro fator apontado por ele é em relação à “negligência do governo federal, que deixou de investir na parte sanitária e, também, por não ter seriedade nas negociações fora do país”.

Novos mercados estão sendo abertos para que a carne suína possa ser exportada. Hoje são mais de 100 países que importam do Brasil, antes eram cerca de 30. Em Mato Grosso, a Intercoop (Integração das Cooperativas do Médio Norte de Mato Grosso), localizada em Nova Mutum (264 km de Cuiabá), conforme o gerente administrativo da Acrismat, abriu comércio com o Uruguai, Paraguai, África do Sul e Dinamarca.

“Mesmo a Rússia sendo o grande potencial em exportação o produtor não pode ficar parado, tem que procurar novos mercados”, pondera Castro Júnior. Além da Rússia, China e Argentina deixaram de comprar a carne brasileira devido à febre aftosa. Mato Grosso, por exemplo, estava abrindo negociações com a Ucrânia, que foi fechada temporariamente.

Frigoríficos salvadores

Os demais, como o Rajá, em Sorriso (420 km de Cuiabá), e o Agra, de Rondonópolis (212 km da capital), fazem uma espécie de ponte entre São Paulo, Rio Grande do Sul e outros estados. Conforme Castro Júnior, isso acontece pelo fato de os outros frigoríficos não terem um selo de inspeção estadual e federal para atestar a qualidade e a sanidade da carne.

A suinocultura de Mato Grosso cresceu muito nos últimos anos. De acordo com a Acrismat, o Estado tinha 20 mil matrizes em 2001 e hoje tem aproximadamente 70 mil. Segundo os últimos dados Instituto de Defesa Agropecuária Indea, as matrizes de criatório das chamadas criações de fundo de quintal somam 84 mil. O rebanho geral é de cerca de 1 milhão de cabeças.

Há projetos para a expansão da suinocultura em Mato Grosso, como os da Perdigão e da Sadia, que beneficiarão a integração entre os suinocultores independentes e integrados (de cooperativas). “Com a chegada dessas indústrias todos devem vender para elas. A Acrismat está negociando para que façamos um contrato para que isso se realize”, afirma Custódio Rodrigues.