A programação segue até sexta-feira (7), em Brasília, na sede da Confederação Nacional dos Trabalhadores no Comércio (CNTC). Rubens Valentini acredita que grande parte do preconceito quanto ao consumo da carne de porco se relaciona às formas tradicionais de produção, muito populares até a década de 1950. "Naquela época, a qualidade da carne se media pela quantidade da banha presente. A partir do surgimento do óleo vegetal, instituiu-se a imagem da carne de porco como prejudicial à saúde", lembrou Rubens. Conforme os produtores, as melhorias nos processos de criação, abate e comercialização dos animais nos últimos anos reduziram o excesso de gordura e outros aspectos negativos.
Segundo o presidente da ABCS, muitas pessoas, entre consumidores e profissionais de saúde, ainda enxergam a pecuária suína como uma cultura necessariamente desenvolvida em chiqueiros, na lama, em condições de higiene precárias. Valenintini diz que esse modelo não tem mais a hegemonia na produção moderna.
Embalagens: A ABCS realizou pesquisas em 1994 e 2004 para se informar sobre a preferência dos brasileiros a respeito da carne suína. No estudo de 1994, 46% dos entrevistados declararam preferirem o sabor da carne suína. Em 2004, essa preferência subiu para 49% dos entrevistados. Mesmo assim, o consumo da carne de porco no Brasil é considerado modesto pela Associação, em comparação com outros países. "Se gostamos tanto, porque comemos tão pouco?", questionou o presidente da Associação.
A região Sul é onde mais se consome carne de porco no Brasil. O consumo per capita nessa área é de 23 kg por pessoa a cada ano. Enquanto isso, na Áustria, maior consumidor mundial da carne, cada pessoa come, em média, 73 kg anuais. Na lista dos países adeptos habituais dos produtos suínos aparecem Espanha, Dinamarca e Portugal. "São nações com alto Índice de Desenvolvimento Humano (IDH), o que se contrapõe à idéia de que a carne suína faz mal", objetou Rubens. O presidente da Associação Brasileira dos Criadores de Suínos cita vários empecilhos ao aumento do consumo da carne de porco no Brasil, além de questões sanitárias. Um dos principais seria a forma como se apresenta a carne ao consumidor, nos açougues, pendurada por ganchos e com todas as suas partes visíveis.
Do ponto de vista de Rubens, essa imagem choca o consumidor e reforça os estereótipos. Segundo Rubens Valeintini, a campanha ”Um novo olhar sobre a carne suína”, promovida pela ABCS e entidades como Sebrae, Ministério do Desenvolvimento Indústria e Comércio (MDIC) e Associação Brasileira de Supemercados (Abras); chama a atenção de vários aspectos a produtores, indústrias e comerciantes, principalmente da apresentação da carne. Valentini considera essencial repensar os modelos e não oferecer aos clientes apenas o tradicional pernil, corte mais comum. Para ele, cortes diferenciados, em um formato mais atraente e em menores quantidades, o que permitiria preços mais acessíveis, contribuiriam para popularizar mais a carne suína.
A ABCS contrata profissionais de saúde, como cardiologistas e nutricionistas, para desenvolverem estudos sobre o consumo da carne suína e promove palestras também para profissionais de saúde sobre o assunto. Rubens Valentini defende ainda que a pecuária suína é a que menos agride o meio ambiente e aponta que os dejetos dos animais podem servir à produção de fertilizantes para recuperação de áreas degradadas.