Redação (01/07/2008) – A quebra na safrinha de milho do Paraná reforçou o movimento de alta do produto, que já vinha firme por conta da valorização no mercado internacional. Hoje, os preços no porto de Paranaguá estão na casa dos R$ 28,50 a saca, e no interior paranaense já ultrapassaram a paridade de exportação, como resultado desse cenário aquecido, segundo a Safras & Mercado.
As cotações de milho no atacado variam hoje de R$ 26 a R$ 28 no interior paranaense – acima da paridade, que está entre R$ 24 e R$ 25. Para chegar à paridade de exportação, desconta-se o valor do frete do preço no porto. Em meados de junho, antes de geadas atingirem lavouras paranaenses, os preços no atacado variavam de R$ 22 a 23, informa Flávio Turra, da Organização das Cooperativas do Paraná (Ocepar).
Ele observa que as geadas que levaram à quebra da safrinha no Paraná – a perda é estimada em 1,3 milhão de toneladas – tiveram reflexo imediato nos preços. Aliás, estes já vinham em alta influenciados pelas enchentes que afetaram as lavouras americanas de milho. Paulo Molinari, da Safras&Mercado, afirma que a quebra na safrinha do Paraná não representaria problema se o mercado internacional "não tivesse explodido" recentemente. Ontem, as cotações tiveram limite de queda em Chicago, mas só em junho haviam subido 20,45% .
O preço atingiu US$ 7,6825 por bushel na quinta passada, o equivalente a quase US$ 305 por tonelada, num mercado em que a demanda é firme. "O quadro de oferta e demanda nos EUA este ano será difícil", avalia Molinari, citando a produção estimada de 298 milhões de toneladas de milho naquele país. O quadro apertado nos EUA deve abrir espaço para o milho brasileiro substituir o produto americano em alguns mercados, diz o analista, que prevê exportações de 11 milhões de toneladas de milho pelo Brasil.
A quebra na safrinha paranaense, diz Turra, não altera a previsão de que o país tenha excedente de milho, e exportações entre 10 milhões e 12 milhões de toneladas. Mas a concorrência com o mercado externo tem preocupado os consumidores de milho do setor de aves e suínos. "Antes os estoques eram de 20 dias, agora chega a um mês", afirma.
Com os preços internos acima da paridade, está mais vantajoso vender milho no mercado doméstico do que exportar, mas o quadro pode mudar com o avanço da colheita da safrinha. Pelas estimativas da Conab, que ainda não consideraram os danos no Paraná, a produção do país na safrinha será de 18,5 milhões de toneladas. Para a safra de verão, a estimativa é de 39,9 milhões de toneladas.