Redação (27/03/2008)- A queda acentuada do preço de produtos agrícolas, na última semana, a maior ocorrida num curto espaço de tempo nos últimos 50 anos, foi apenas um ajuste. A avaliação é do superintendente técnico da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA), Ricardo Cotta. Para ele, os fundamentos de oferta e procura continuam sólidos e devem manter os preços das commodities agrícolas num patamar elevado.
As commodities são produtos em estado bruto ou com baixo grau de industrialização, que podem ser estocados por determinado tempo, sem perda significativa de qualidade, e que possuem cotações globais. Por isso, quando os preços das commodities variam, o mercado mundial também é afetado, podendo, inclusive, causar grandes perdas para os países que as comercializam.
Nos últimos 12 meses, as commodities agrícolas tiveram forte valorização, com produtos como a soja e o trigo, por exemplo, chegando a dobrar ou até triplicar seu preço. Isso ocorreu por conta do capital especulativo nas comercializações dessas commodities nas bolsas de valores e também por conta da expectativa de crescimento mundial, que eleva o consumo de alimentos. No entanto, na última semana, algumas commodities agrícolas chegaram a se desvalorizar em até 21%.
“O que causou essa queda foi a saída desse capital especulativo e sua ida para fundos menos arriscados. Eu não acredito em quedas acentuadas para um futuro próximo, ou seja, vamos continuar vivendo em patamares de preços agrícolas acima das médias históricas, seguramente”, afirmou Cotta.
Por isso, o superintendente da CNA não acredita que produtores segurem suas safras esperando que o preço volte a subir. Também não há, segundo ele, risco de faltar produtos agrícolas para o consumidor brasileiro.
“Os preços estão acima das médias históricas e o produtor quer fazer dinheiro com isso, para aferir seus lucros. Essa queda brutal que nós tivemos foi muito acentuada por um curto período de tempo, mas isso aí significa muito mais um ajuste em cima do percentual de capital especulativo, que está dentro da formação de preços das commodities, do que dos fundamentos sólidos que garantem esses preços em patamares superiores”, avaliou.
Cotta disse que o perigo é o alastramento da crise americana, que continuaria afetando o preço das commodities, já que uma retração da economia americana também influenciaria na economia mundial. “Mas se a crise for se amenizando daqui para frente, há uma tendência de recuperação a médio prazo no preço dessas commodities”, completa.