Redação AI (24/02/06)- O avanço da gripe aviária em países da Ásia e da Europa já provoca reações nas indústrias avícolas do Rio Grande do Sul. A primeira medida tomada pelos produtores é a redução do alojamento nas granjas. Em média, o recuo na produção está entre 10% e 15% no Estado, informa o presidente da Associação Gaúcha de Avicultura (Asgav), Aristides Vogt. Ele lembra que a medida é necessária devido à queda no consumo mundial de carne de frango. Na Itália, por exemplo, a redução das compras pelos consumidores chegou a 70% nos últimos dias.
Para o segmento do Rio Grande do Sul, o quadro é ainda mais preocupante, porque 70% da produção tem como destino o mercado externo. Ainda não conseguimos mensurar os prejuízos dessa situação, mas as perdas afetam toda a cadeia, inclusive os produtores de grãos que fornecem matéria-prima para ração, salienta.
O presidente da Asgav não descarta demissões no setor, que emprega 45 mil trabalhadores nas plantas industriais. No momento, as empresas estão dando férias para alguns funcionários, mas não há como negar que devem haver dispensas, assinala.
Vogt ainda não arrisca números de queda nas vendas ao exterior, mas diz que os reflexos da retração já iniciaram. No mercado interno, a tendência é de um maior consumo com a inevitável redução nos preços dos cortes nos supermercados. O presidente da Asgav espera que o quadro se normalize já na metade do ano. Acreditamos que haverá o retorno do consumo mundial, assim como ocorreu com a carne bovina, quando foram contornados os problemas com a doença da vaca louca, avalia.
A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) publicou ontem no Diário Oficial da União resolução que proíbe a importação entrada de carne de frango in natura, aves adultas vivas, penas e outros produtos sem tratamento, como material genético (ovos férteis e pintos de um dia, por exemplo), procedentes da Índia e do Iraque. Esses dois países notificaram à Organização Mundial de Saúde Animal (OIE) a ocorrência de casos de gripe aviária.
Sempre que a OIE é comunicada sobre um caso de gripe do frango, o governo brasileiro suspende, logo em seguida, as importações de aves, carne de aves in natura e produtos não submetidos a tratamentos do país onde ocorreu o problema, esclarece o Departamento de Saúde Animal. Novos casos foram detectados em outros países como a França e a Rússia que já estão tomando medidas para conter o vírus.
Além de comunicar a decisão oficialmente aos governos desses países, por intermédio de suas embaixadas no Brasil e dos seus serviços veterinários oficiais, o ministério envia aviso à Vigilância Agropecuária Internacional (Vigiagro) e às Superintendências Federais de Agricultura, Pecuária e Abastecimento (SFAs) nos estados. A Vigiagro e as SFAs são responsáveis pela fiscalização em aeroportos, portos e postos de fronteira.
O governo brasileiro já tomou medida semelhante em relação à África do Sul, Egito, Grécia, Turquia e aos países asiáticos. Há quase quatro meses, o ministério também proibiu a entrada de aves de companhia, como papagaios e caturritas, por exemplo, no Brasil.
Maior exportador mundial de carne de frango, com vendas de US$ 3,5 bilhões em 2005, o equivalente a 2,8 milhões de toneladas, o Brasil importa pouco frango in natura e não compra aves adultas vivas de outros países. Mesmo assim, o Ministério da Agricultura é obrigado a proibir as importações dos mercados com casos de influenza aviária, em cumprimento às normas internacionais de sanidade animal da Organização Mundial de Saúde Animal.