Redação (06/05/2008)- O ministro da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, Reinhold Stephanes, pediu ao ministro japonês de Agricultura, Floresta e Pesca, Masatoshi Wakabayashi, empenho na abertura da importação de carne suína procedente de Santa Catarina. Durante a vista do representante japonês ao ministério, nesta segunda-feira (5), Stephanes afirmou que não há razão técnica ou científica para manter fechado um mercado que, desde o ano passado, é reconhecido pela Organização Mundial de Saúde Animal (OIE) como Zona Livre de Febre Aftosa com vacinação.
O ministro brasileiro questionou o fato de o Japão não adotar a regionalização para febre aftosa. “O Japão reconhece a regionalização para a peste suína clássica e para a gripe aviária, mas não aceita para a febre aftosa, que, inclusive, é uma doença que não apresenta chances de ser transmitida ao ser humano”, enfatizou.
A regionalização é um princípio implementado, na maioria das vezes, em países com grande extensão territorial. Áreas geográficas são delimitadas para doenças, o que determina que um país inteiro seja impedido de comercializar carne, por exemplo, porque apenas uma região é endêmica.
Wakabayashi tentou tranqüilizar o ministro brasileiro, dizendo que os dois países devem chegar a um acordo sanitário durante a reunião bilateral, entre os dias 22 e 30 de maio, no encontro anual da OIE, em Paris (França). Em dezembro de 2007, uma missão veterinária japonesa visitou os estados de Santa Catarina e Rio Grande do Sul, além da fronteira gaúcha com a Argentina
Líder de importações – O Japão é o maior importador de alimentos do mundo, por ter apenas 39% de auto-suficiência em produção agrícola. Nesse contexto, o principal produto brasileiro exportado àquele mercado é a carne de frango in natura. Nos três primeiros meses de 2008, foram mais de US$ 179,6 mil. O Japão não é importador de carne suína in natura do Brasil.
“Nesse momento particularmente singular no mundo, de escassez de alimentos, para nós, que somos o maior importador mundial, é essencial mantermos cooperação com um dos maiores exportadores de alimentos. Devemos sempre manter esse diálogo franco”, disse o ministro japonês.
Etanol – O biocombustível produzido no Brasil também foi destaque na reunião entre os dois ministros. Reinhold Stephanes apresentou a situação atual da produção de etanol brasileiro e afirmou que o País tem condições de dobrá-la nos próximos seis a oito anos.
Mais uma vez, o Stephanes enfatizou que a fabricação de etanol no Brasil não compete com a produção de alimentos, por ser feito de cana-de-açúcar. Para 2008, ele prevê que o País deve passar de 22 bilhões para 27 bilhões de litros, com um excedente de sete bilhões de litros. “É um excedente relativamente grande e a colocação efetiva prevista no momento é em torno de quatro bilhões para exportação, fundamentalmente para os Estados Unidos”, informou Stephanes.