Redação (09/06/2008)- Às vésperas do fim do terceiro locaute agropecuário na Argentina, programado para hoje, representantes de base do setor anunciaram ontem que não acatariam a decisão dos dirigentes ruralistas e continuariam a paralisação.
A decisão foi comunicada pelo vice-presidente da Federação Agrária de Entre Ríos, Juan Echevarría, que disse que as bases sentem que lhes estão "tirando sarro permanentemente". Outros grupos de produtores também se opunham a terminar o locaute diante da falta de sinal de diálogo com o governo. À noite, aconteceriam várias assembléias para decidir se o locaute continuaria ou não.
O locaute ruralista começou há 90 dias como reação ao aumento de impostos sobre as exportações de grãos. Depois de embates, queda na popularidade do governo e fracasso nas negociações, a Casa Rosada reduziu o teto das alíquotas, mas não convenceu os produtores.
Nesta nova fase dos protestos, os produtores impedem a venda de grãos para exportação, o que gerou conflito com transportadores do produto.
Há uma reunião marcada para hoje, quando os ruralistas tentarão voltar a negociar com o governo. Diante da ameaça de que grupos continuassem a paralisação, os líderes das principais entidades ruralistas do país pediram que os produtores acatassem a decisão. "O país está pedindo que participemos de cenários de diálogo", disse o presidente da Federação Agrária Argentina, Eduardo Buzzi, ao admitir que "há resistência para sair das estradas".
A iniciativa de grupos de produtores de manter o locaute foi estimulada por um duro discurso do ex-mandatário Néstor Kirchner, atual presidente do Partido Justicialista (peronista). No sábado, Kirchner voltou a chamar o locaute de "piquetes da abundância" e disse que os argentinos "estão suportando 90 dias de extorsões".