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Safra 2008/09 no MT: Queda pode ser de 30%

No caso da soja e do milho, os produtores esperam uma redução de pelo menos 5% na produção.

Redação (19/06/2008)- A safra 2008/09, a ser plantada a partir de outubro, deverá apresentar queda de produção em praticamente todas as culturas de grão. Soja, milho, arroz e algodão são commodities que irão experimentar este recuo por conta dos altos custos dos insumos, em especial dos fertilizantes.

No caso da soja e do milho, os produtores esperam uma redução de pelo menos 5% na produção. “A nossa grande preocupação é com relação aos preços dos fertilizantes, que sofreram elevação acima de 100% só este ano”, aponta o presidente da Federação da Agricultura do Estado (Famato), Rui Ottoni do Prado.

Nos últimos sete anos os fertilizantes tiveram alta de 381%, passando de US$ 90 a tonelada, na safra 2001/02, para US$ 433/tonelada na safra 2008/09, segundo estudos da Agroconsult. Pelos cálculos da Associação dos Produtores de Sementes do Estado (Aprosmat), a alta dos fertilizantes pode ter chegado a 455%, com a tonelada do insumo atingindo o patamar de US$ 500 em junho deste ano.

“As perspectivas realmente não são nada boas para esta safra, pois já se fala em utilização menor de tecnologia nas lavouras, o que deverá implicar em uma redução na produção”, afirma Prado.

O presidente da Associação dos Produtores de Soja e Milho do Estado (Aprosoja), Glauber Silveira, diz que a safra está indefinida e prevê também um recuo na produção. “Teremos uma das safras mais difíceis dos últimos anos, devido à brutal elevação dos preços dos insumos”.

Por conta desta alta, os produtores estão com as compras de fertilizantes atrasadas. “Estimamos que até agora tenham sido adquiridos apenas 50% de todo o adubo que será utilizado nesta safra. Em outros anos, nesta mesma época, este volume chegava a 90%”, lembra Silveira.

“Tudo indica que a safra 2008/09 será tensa, pois além dos custos dos fertilizantes, os produtores estão com outros problemas para resolver, como a questão do endividamento e a falta de crédito. Aqueles que plantarem serão considerados heróis”.

O presidente da Associação dos Produtores de Sementes de Mato Grosso (Aprosmat), Elton Hamer, ressalta que enquanto os custos de produção sofreram vertiginosas altas, a rentabilidade do produto vem caindo a cada ano. Na safra 2007/08, por exemplo, a rentabilidade era de R$ 126,79 por hectare de soja. Na safra 2008/09, a margem líquida sobre os custos operacionais do sojicultor deverá cair para R$ 44,04.

Algodão – No caso do algodão a situação é bem mais séria, pois os custos da lavoura são mais altos em relação aos da soja. Segundo os estudos, para o plantio de um hectare de algodão são necessários 1,2 mil quilos de fertilizantes – ou 1,2 tonelada/ha – entre a base e a cobertura para se obter uma boa produtividade. Ao preço de US$ 850 a tonelada, o produtor gastaria US$ 1,02 mil por hectare só com adubo.

“Precisaríamos colher 300 arrobas de pluma só para pagar os custos. E a nossa produtividade hoje é de 250 arrobas. Isso quer dizer que os produtores vão entregar a safra sem ganhar nada”, afirma o cotonicultor Sérgio De Marco, ex-presidente da Associação Mato-grossense dos Produtores de Algodão (Ampa) e um dos grandes incentivadores da cultura no Estado.

O diretor executivo da Cooperativa de Produtores de Algodão (Unicotton), Hélvio Alberto Fiedler, concorda que os custos estão acima do rendimento médio da lavoura e muitos produtores terão prejuízos nesta safra. Ele conta que nos últimos 18 meses a alta dos fertilizantes já chega a 300%. “Só de janeiro deste ano até agora os preços aumentaram quase 50%”.