Segundo o analista, a crise americana provocou uma leve estabilização no mercado de commodities, mas não chegou a afetar significativamente a cotação, que teve uma ascenção a partir do segundo semestre de 2006. "As commodities, principalmente trigo, soja e milho tiveram valorização superior ao ouro e petróleo nesse período", diz Ito.
De acordo com o analista, o exportador deve fazer a precificação, ou seja, comercializar o seu produto, em etapas, acompanhando o comportamento da economia. Apesar de haver receio em mercados emergentes, a crise pode não afetar tão rapidamente esses países. Como houve crescimento da economia global (nos últimos quatro anos chegou a 5%), inclusive dos emergentes, há um "descasamento" da economia, e os efeitos de uma crise podem não atingir diretamente todo o mundo, como ocorria alguns anos atrás.
"Há o temor de que esse "descasamento" seja uma ilusão e os últimos acontecimentos nos Estados Unidos deixam o mundo em alerta", afirma Ito. Segundo o analista, se a crise se agravar nos EUA, poderá haver reflexos na cotação do dólar no Brasil, não por quebra da confiança na ecomomia brasileira, mas em função da repatriação de dólares para compensar perdas de investidores no mercado americano.
Com a mudança na economia global, houve uma "bonanza financeira" e o bloco BRIC (Brasil, Rússia, Índia e China) foi o que mais cresceu. "Índia e China registraram crescimento de torno de 10% ao ano. Mas esses países estão cautelosos", diz.
O aumento nas importações americanas provocou mudança na economia daquele país. "Para estabilizar a balança comercial, o governo Bush provoca o "enfraquecimento" da sua moeda", diz. A recessão, que começou com a crise no setor imobiliário no ano passado, se estendeu ao varejo, com a diminuição dos investimentos. Hoje se registra uma queda no consumo e o desemprego já atingiu a marca de 5,9%.
Se a recessão americana for contagiosa, a tendência é a redução na cotação das commodities, que seria provocada por uma queda considerável no consumo. Produtos agrícolas passaram por um processo de ascensão e atingiram um patamar de preços – atualmente a soja, por exemplo, é comercializada a US$ 12,6 bushel – só alcançados em 1973, época da hiperinflação brasileira.