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Soja americana deve ganhar espaço

Com a instabilidade no clima nas regiões produtoras, a oleaginosa ainda pode ocupar mais espaço que originalmente seria destinada ao milho.

Redação (12/05/2008)- Na sexta-feira, em seu novo relatório sobre oferta e demanda, o Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA) acentuou o cenário de aperto na oferta de soja ao elevar a projeção de exportações americanas do grão. Para analistas, o aumento do preço do petróleo, o impasse das exportações argentinas e mesmo os problemas de clima nos EUA ajudam a explicar a modificação.

Os embarques americanos de soja devem atingir 28,6 milhões de toneladas na safra 2008/09 (em fase de plantio no Hemisfério Norte), 15% mais que o estimado pelo USDA em fevereiro.

"Os problemas na Argentina afetam a "safra velha", mas afetam os estoques. Os países asiáticos acabem indo em busca de soja brasileira, mas a oferta é limitada pelos problemas logísticos. Além disso, com o frete mais caro, fica mais fácil para os asiáticos importar dos EUA", avalia Vinícius Ito, da corretora Newedge, em Nova York.

Com isso, os contratos de soja para julho negociados na bolsa de Chicago encerraram em alta de 48 centavos de dólar, ou 3,5%, a US$ 13,58 por bushel. Na semana, a alta acumulada foi de 4,1%.

Com a instabilidade no clima nas regiões produtoras, a soja ainda pode ocupar mais espaço que originalmente seria destinada ao milho. "Se o produtor tiver que esperar mais, vai acabar semeando soja. Mas mesmo essa soja fica ameaçada se a umidade continuar alta", diz Ito. O USDA apresenta hoje o novo relatório de plantio nas lavouras de milho.

Já se projeta nos EUA o temido "ano da tigela de poeira" ("Dust Bowl Year"), fenômeno que se caracteriza pelo excesso de umidade na primavera, seguida por verão seco. O fenômeno, que marcou o ano de 1983, foi registrado também na década de 1930.

Caso se confirme, o cenário de aperto na oferta de milho, já acentuado pelo consumo do grãos para produção de etanol nos EUA, ganha força. Na sexta-feira, no entanto, os contratos para julho da commodity caíram apenas 1 centavo de dólar, a US$ 6,2925 o bushel.

O trigo para julho caiu 17,50 cents em Chicago, a US$ 8,0450 o bushel. Os preços recordes dos últimos meses estimularam o plantio, o que ajudará a recompor os estoques. Segundo o USDA, a produção mundial crescerá 8,2% em 2008/09, para o recorde de 656 milhões de toneladas. Nos EUA, os estoques finais devem chegar a 13,1 milhões de toneladas em 2008/09, ante 6,5 milhões de toneladas no ciclo 2007/08.