Redação (10/04/2008)- Mesmo com a projeção, pelo Departamento de Agricultura dos Estado Unidos (Usda), de que os estoques de soja no mundo ficarão dentro da expectativa do mercado e até aumentarão 3,9%, em relação ao estudo feito em março, as cotações do grão subiram ontem em Chicago. Os papéis com vencimento em julho encerraram o pregão valorizados em 4,6% – 1.330 centavos de dólar por bushel. Segundo a projeção americana, os estoques mundiais da oleaginosa passaram de 47,44 milhões de toneladas, em março, para 49,31 milhões de toneladas.
O levantamento do Usda foi considerado por especialistas como neutro e, portanto, a tendência era de queda nos preços. Mas os rumores de que os produtores argentinos devem retomar a greve nos próximos dias deixou o clima tenso. O reflexo desse nervosismo atingiu também as cotações do milho, que fechou com os contratos para maio valendo 605 centavos de dólar por bushel, alta de 2,3%. Em virtude da forte demanda mundial impulsionada pelos biocombustíveis, a projeção do Usda aponta uma colheita mundial deste cereal 2 milhões de toneladas superior ao relatório passado, somando 772,17 milhões de toneladas.
Renato Sayeg, da Tetra corretora, acredita que a alta do petróleo e a desvalorização do dólar, aliadas à forte demanda chinesa pela soja ontem foram os principais fatores para a alta. "A novidade deste relatório é que o Brasil perdeu mais espaço nas exportações para os Estados Unidos", explica. Ele conta que no de novembro de 2007, o País ocupava 41% das exportações mundiais. Esse número caiu para 39,2% em fevereiro e agora para 35%. Os Estados Unidos saíram de 36% em fevereiro para 38% neste mês. Ele diz que existe uma maior expectativa com o relatório de maio, o primeiro da safra 2008/09. Para Gonçalo Terracini, analista da FCStone, "os preços devem permanecer com essa forte oscilação até a entrada da safra americana, em setembro e outubro. "Ontem as cotações subiram por causa da China, o que puxou inclusive o farelo e o óleo de soja".
As projeções do Usda para a produção mundial de trigo mostram um aumento de 1,73 milhões de toneladas na comparação com o estudo do mês passado, passando de 604,96 milhões de toneladas para 606,69 milhões de toneladas. Já os estoques mundiais aumentaram para 112,48 milhões de toneladas ante às 110,40 milhões de toneladas do anterior. O reflexo disso foram preços estáveis ontem em Chicago. Os contratos para julho fecharam em 946,50 centavos de dólar por bushel. "A novidade é o aumento da produção na Etiópia, que passou para 4,9 milhões de toneladas" diz Élcio Bento, da Safras & Mercado. Isso cobre a demanda local de 4,8 milhões de toneladas.