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Soja deverá manter alta no preço durante a colheita

O contrato de abril da saca posta no porto de Paranaguá está valendo US$ 27,40, ante o preço de US$ 26,80 negociado no mercado físico na última sexta-feira.

Redação (07/02/2008)- O receio de mais um ano de oferta apertada está sustentando os preços da soja mesmo para o pico da colheita no Brasil, em abril. A cotação da soja está até mais alta na safra que na entressafra. O contrato de abril da saca posta no porto de Paranaguá está valendo US$ 27,40, ante o preço de US$ 26,80 negociado no mercado físico na última sexta-feira, dia 1 de fevereiro, pico da entressafra brasileira, segundo números do Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea/Esalq/USP).

As tradings estão agressivas no mercado e elevando muito os preços em algumas praças. John Ruggiero, gerente de comercialização da Sociedade Comercial de Café Noroeste Ltda (Socafé), tradding localizada no Noroeste de São Paulo, diz que o patamar de R$ 43 a saca – entrega em abril – saltou ontem para R$ 47 na região, com a oferta compradora de uma grande trading de soja. "Não conseguimos fechar negócio, pois o porto não paga R$ 47 mais o frete", explica Ruggiero. Por isso, o Socafé aguarda o recuo desses preços para fechar negócios. "O máximo que conseguimos pagar é R$ 46,50 a saca, mas sem margem nenhuma. Assim, onde não for possível "hedgiar", vamos comprar no escuro, ou seja, sem fixar na Bolsa de Chicago (CBOT)" e torcer para o preço subir depois, diz o gerente da Socafé, que movimenta por ano 20 mil toneladas do grão.

Flávio Roberto de França Júnior, diretor da Safras & Mercado, diz que nessa quarta-feira (06-02) a saca também estava sendo negociada na maior parte das praças R$ 2 acima da cotação de sexta-feira, dia 1 de fevereiro. Em Rondonópolis (MT) a saca fechou em R$ 43,50,ante os R$ 41,50 de sexta-feira, e em Passo Fundo (RS) a R$ 50,50, ante as R$ 49 do dia 1 de fevereiro.

O mercado avalia escassez de soja no curto prazo, conforme explica Anderson Galvão, diretor da Consultoria Céleres. "Existe uma preocupação quanto à safra na América do Sul, porque em algumas regiões chove demais e, em outras, de menos", diz Galvão. No entanto, ele acrescenta que a alta na CBOT no começo desta semana se deveu muito à compra dos fundos, que aproveitaram a baixa anterior dos papéis para recomprá-los.

Segundo levantamento da Safras, a produção de soja na América do Sul será de 117,97 milhões de toneladas, 2,2% maior que a anterior. "A safra argentina perdeu um pouco do seu potencial com a forte estiagem de janeiro, mas nada que justifique racionalmente esse movimento de alta em Chicago", avalia Júnior.

Para ele, as altas expressam a expectativa do mercado em relação ao novo relatório do Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (Usda), que deve indicar novo recuo dos estoques mundiais e americanos de soja. "O último documento oficial do Usda indicou no mundo um estoque 25% menor que o inicial e, nos Estados Unidos, 70% menos. Tudo indica que haverá mais cortes nessa projeção", diz Júnior.

Lucílio Alves, pesquisador do Cepea, recorda que o movimento atípico de preços mais altos no pico de safra do que na entressafra começou a ficar mais forte na safra 2006/07 com demanda mais aquecida por grãos para consumo em biocombustíveis. No início de fevereiro de 2007, a saca valia US$ 16,17 em Paranaguá enquanto a indicação para abril era de US$ 16,85 mais um prêmio de US$ 0,32.