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Soja e milho batem recorde em Chicago

Resultado é motivado pelas chuvas contínuas que prejudicam o andamento do plantio de soja e reduzem a produtividade do milho em até 10% nos Estados Unidos.

Redação (12/06/2008) – Precoce, o mercado de clima da safra americana causou ontem mais um alvoroço nas cotações de soja e milho na Bolsa de Chicago (CBOT). Ambas bateram novo recorde, motivado pelas chuvas contínuas que prejudicam o andamento do plantio de soja e reduzem a produtividade do milho em até 10% nos Estados Unidos, segundo a Bloomberg News. Pela primeira vez, as cotações do milho superaram a marca de US$ 7 o bushel (27,2 quilos) na bolsa americana. O contrato de novembro da soja também encerrou o pregão a US$ 15,09 o bushel , superando o recorde anterior desse papel, que foi alcançada em 4 de março deste ano (US$ 14,7125 o bushel).

"As chuvas incessantes que atingem o meio-este americano fizeram o mercado de especulação climática começar antes do usual. Normalmente, esse movimento acontece em julho e agosto, meses em que a planta entra na fase de enchimento de grãos", afirma Heber Cardoso, analista de gerenciamento de risco da FCStone.

No entanto, a cotação do contrato julho em 4 de março ainda é o recorde histórico para a soja. Naquela data, a commodity encerrou o dia cotada a US$ 15,95 o bushel, valor que ontem fechou em US$ 15,1650, segundo informa Cardoso. "Mas temos que considerar que o contrato julho precifica o mercado spot. O papel de novembro é que representa a safra americana, os preços mais à frente", esclarece o especialista.

Mas, o indicativo de preços mais altos para a soja no futuro não foram bem aproveitados pelos produtores brasileiros. Os de Mato Grosso, que sempre saem à frente na venda futura do grão, estão ainda com dificuldades para fixar preço de soja futura nas tradings. Os produtores estão conseguindo vender somente o que ainda resta de produto no mercado físico. "As tradings estão fechadas para hedgiar a próxima safra. Para nossa surpresa, tivemos informações de que os produtores americanos estão com o mesmo problema", afirma Marcelo Duarte Monteiro, diretor da Associação dos Produtores de Soja de Mato Grosso (Aprosoja).

Eraí Maggi, maior produtor de soja de Mato Grosso, diz que os poucos negócios fechados ontem no estado, trouxeram descontos muito altos ao produtor. "Foram relatados negócios futuros em Mato Grosso a US$ 23 a saca, mesmo mercado que está pagando US$ 28 no mercado físico, entrega imediata, diferença de 18%. As tradings estão exigindo uma margem de segurança muito alta para fixar a safra futura", avalia Maggi.

Cardoso, da FCStone, confirma que, de fato, as trading estão totalmente fora do mercado em Chicago. "Elas estão com problemas de fluxo de caixa e não querem fixar posição de longo prazo", acrescenta o especialista.

O receio é de que seja preciso enviar um volume muito alto de recursos para a CBOT, caso a cotação da soja varie muito daqui até o final da safra brasileira, o que pode acontecer se houver resultados negativos na safra americana.

As chuvas nas lavouras dos Estados Unidos persistem desde o início do plantio com algumas janelas de sol em maio. Nos últimos dias, as precipitações persistem em grandes volumes e causa muito atraso no plantio da soja e perda de produtividade na safra do milho – que bateu limite de alta ontem na CBOT, fechando em US$ 7,0325 por bushel (julho), alta de 4,4%.

De acordo com relatório do Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (Usda) até segunda-feira tinham sido cultivados 77% da área prevista, ante os 92% do ciclo anterior e 89% da média. "Os produtores não conseguem entrar na lavoura para plantar", relata Cardoso.

A previsão para os próximos dois dias é de continuidade das chuvas, segundo relatório da própria FCStone. Paulo Etchichury, da Somar Meteorologia, prevê que as precipitações vão reduzir a partir do dia 20 deste mês, quando inicia o verão no Hemisfério Norte.