Redação (23/01/2009)- As chuvas, apesar de irregulares, serviram para estancar o avanço dos prejuízos em função da estiagem, na parte Norte do Estado. Ao contrário dos períodos anteriores, a preocupação começa a aumentar para os produtores do Sul do Estado, onde o déficit hídrico se mostra acentuado. De acordo com o Informativo Conjuntural da Emater/RS-Ascar, o retorno da umidade, mesmo que ainda de forma insuficiente em alguns casos, beneficia sobremaneira a cultura da soja, que entra com mais força nas fases de floração e formação de vagens.
Ainda sobre a soja, as últimas precipitações serviram para finalizar o plantio das áreas em retardo. Atualmente, 70% das lavouras de soja estão na fase de germinação e desenvolvimento vegetativo, 29% em floração e 1% das áreas estão em enchimento de grãos. Com a umidade do ar em níveis mais reduzidos, a incidência de pragas e moléstias também tem se mostrado mais baixa que anos anteriores, poupando os produtores de gastos extras nesse momento de dificuldade.
A evolução da lavoura de feijão prosseguiu normalmente devido às boas condições meteorológicas, estando a cultura, nessa semana, com 15% ainda nas fases críticas (floração e enchimento de grãos) em relação à maior necessidade de água. Os produtores continuam acelerando a colheita do feijão (65% já concluída) em razão dos ótimos preços da leguminosa, visando negócios mais rentáveis.
Milho em colheita
A colheita do milho chega aos 12% de sua área total, com outros 20% de lavouras maduras e prontas para serem colhidas. As demais áreas cultivadas com milho no Estado estão nas seguintes fases: 30% em enchimento de grãos, 15% em floração e 23% estão em germinação e desenvolvimento vegetativo.
A situação geral da cultura do milho pouco mudou em função das últimas chuvas. Os prejuízos não são recuperáveis. Entretanto, para os 38% que ainda estão em desenvolvimento vegetativo e em floração e em parte dos 30% que estão em formação de grãos, as precipitações proporcionaram condições bem melhores que as ocorridas recentemente.
O retorno da umidade favoreceu ainda a finalização do plantio do milho nas várias áreas que estavam à espera de uma melhor condição de umidade no solo. Alguns produtores gaúchos, aproveitando o final do prazo limite dentro do zoneamento agroclimático (encerrado dia 20), se apressaram em ocupar mais uma vez as áreas liberadas pela perícia, replantando-as, na tentativa de uma colheita mais tardia.
As colheitas de milho realizadas até o momento tem apresentado rendimentos dentro do esperado para a situação ocorrida entre novembro e dezembro. Os rendimentos ocorrem de maneira bastante oscilante, mas ainda dentro dos limites divulgados semana passada para o Estado. Na comercialização, com a perspectiva de uma produção de milho que não atenda toda a demanda futura, o mercado já trabalha com valores mais elevados em plena colheita. Na semana, a cotação da saca de 60kg subiu em média 1,23%, ficando em R$ 20,50.
No momento, o arroz é a cultura que se encontra em situação mais favorável. Com exceção de casos pontuais, a maioria das lavouras se encontra em muito bom estado. Os casos reportados sobre abandono de algumas áreas, devido a problemas de falta de água para a irrigação, em especial na Região da Campanha e Fronteira Oeste, são bastante comuns ao longo dos anos. É mais uma questão de mau dimensionamento da lavoura em função da água efetivamente disponível do que problemas com a estiagem vigente.
Nas criações, as regiões Sul, Campanha e Fronteira Oeste seguem com precipitações mal distribuídas e abaixo do necessário, com as pastagens apresentando problemas de desenvolvimento e baixa qualidade. Nas demais regiões a situação melhorou ou estão próximas da normalidade. Nestas regiões observam-se recuperações parciais das pastagens e a retomada do crescimento das culturas destinadas à produção de silagem. Em algumas regiões os volumes ocorridos superam a marca da normal prevista para o mês.