Redação (29/02/2008)- O ministro da Agricultura, Reinhold Stephanes, previu ontem que o imbróglio envolvendo a exportação da carne brasileira à União Européia (UE) será resolvido até o começo de 2009. O prazo é o mesmo para o Paraná comprovar que controlou a febre aftosa junto à Organização Mundial de Saúde Animal (OIE). “É possível que as duas coisas coincidam e o Paraná possa também se tornar um exportador para os europeus”, disse.
O primeiro passo para solucionar o problema com a UE foi dado anteontem, quando o bloco econômico liberou 106 fazendas para exportar carne “in natura” e quebrou o embargo que durava um mês. “Estamos entrando em um processo de confiança, agora é trabalhar corretamente.” A crise começou quando o governo tentou liberar uma lista com 2.681 propriedades aptas para exportação, enquanto os europeus estimavam apenas 300.
Stephanes explicou que a UE terminará a auditoria de outras 180 fazendas até 15 de março, o que marca uma segunda etapa nas negociações. Essa quantidade precisa crescer, já que estudos apontam que o Brasil precisa de ao menos 5 mil propriedades aptas para tornar viável a cadeia de exportação. A partir dos próximos dias, o ministério atuará em duas linhas para garantir esse aumento – tentará cumprir as exigências dos europeus e, ao mesmo tempo, modificá-las.
Atualmente, o bloco pede o cumprimento de 25 itens – a maioria deles burocráticos – para comprovar a sanidade do gado nacional. “Muitos deles se repetem, são desnecessários”, afirmou o ministro. O governo formará um grupo de trabalho composto por seis especialistas em rastreabilidade, que irá propor uma simplificação dessas regras.
“A idéia é manter todas as exigências de sanidade, mas adequá-las às necessidades do nosso produtor.” A equipe contará com pelo menos um estrangeiro. Entre os demais, estará o ex-secretário de Agricultura do Paraná, Antonio Poloni.
Stephanes também adiantou que irá propor aos interessados em exportar à UE que a auditoria das empresas certificadoras de rastreabilidade seja feita por uma entidade privada. Hoje ela é de responsabilidade do ministério, que fez apenas uma auditoria geral nos últimos dois anos.
Quanto à aftosa, Stephanes afirmou que o governo reinicia a partir da semana que vem a negociação com a OIE para receber a certificação de controle da doença. Sem isso, o Paraná não pode exportar aos europeus. O assunto está sendo tratado no comitê científico da entidade. “É uma discussão que não é linear, mas que avança e deve ser resolvida até dezembro.”