Redação (08/02/06) – Mais de mil suinocultores e lideranças do setor de diversas regiões do Estado participam de ato público denominado “Alerta da Suinocultura do Paraná”, nesta sexta-feira (10), às 10 horas, em Cascavel. O objetivo da manifestação, organizada pelo Sistema APS (Associação Paranaense dos Suinocultores e entidades regionais e municipais do Estado), é denunciar nova e grave crise na atividade.
Depois de acumular prejuízos durante anos, os criadores começavam a vislumbrar um período melhor com aumento das exportações e recuperação dos preços internacionais da carne suína, quando surgiram os focos de aftosa e o valor do suíno vivo voltou a despencar no mercado interno.
Conforme os produtores, a situação é insustentável porque em toda a cadeia produtiva somente eles sofreram perdas, já que as vendas externas continuaram crescendo e o consumo interno se manteve instável. Além disso, no caso das exportações, os preços subiram muito nesse mesmo período.
Para chamar a atenção de governantes e opinião pública, lideranças da suinocultura e autoridades convidadas denunciarão publicamente as perdas e dificuldades enfrentadas pelos criadores. Serão também distribuídas três toneladas de carne suína assada, para a população presente.
Para facilitar a presença de suinocultores no evento, associações regionais e municipais colocarão ônibus à disposição dos interessados.
As reivindicações dos criadores são prorrogação e renegociação de dívidas, solução para o problema da aftosa no Paraná, liberação de novos recursos, cadastramento da produção de suínos, mais recursos para a defesa sanitária animal, inclusão da carne suína na merenda escolar e programas sociais e apoio às campanhas de incentivo ao maior consumo do produto.
Documento – Durante a manifestação será distribuído documento às autoridades e população presentes, com o seguinte teor:
“Alerta da Suinocultura do Paraná
Data: 10 de fevereiro de 2006 Sexta-feira.
Local: Largo da Catedral de Nossa Senhora Aparecida
Cascavel PR
Organização: Sistema APS Associação Paranaense dos Suinocultores.
Programação:
10h Recepção de autoridades, lideranças e caravanas de suinocultores de diversas regiões do Paraná.
10h30 Ato público, com pronunciamento de autoridades e lideranças.
12h Degustação de carne suína.
14h Encerramento com carreata pelas principais ruas da cidade.
Crise da suinocultura
Os suinocultores paranaenses e brasileiros enfrentaram novas e graves crises ao longo dos últimos cinco anos. Depois de amargar perdas por longo período, os preços do suíno vivo começaram a reagir com o crescimento das exportações e a valorização da carne suína no mercado internacional. Quando o produtor teve a oportunidade de começar a recuperar parte de suas perdas, surgiram os focos de febre aftosa e os preços do suíno voltaram a despencar no mercado interno.
De R$ 2,40 o quilo, os preços do suíno vivo caíram para até R$ 1,25. Em toda a cadeia produtiva, porém, somente o criador foi atingido pela crise, pois o consumo interno da carne suína se manteve estável e as exportações bateram recordes em 2005, em volume e valor. Foram 625 mil toneladas e 1,1 bilhão de dólares.
Apesar do embargo de dezenas de países às carnes brasileiras, as vendas externas de carne suína tiveram desempenho satisfatório, inclusive com a elevação dos preços internacionais do produto. A superação da crise depende da organização do suinocultor e também do apoio do poder público e da sociedade.
Dentro da organização do produtor, a sustentabilidade da suinocultura passa pela administração da produção e sistemas de produção, que permita o equilíbrio entre oferta e demanda e custos e receitas da atividade. O suinocultor há muito tempo reivindica uma política agropecuária de médio e longo prazos, que lhe permita investir em tecnologia, qualidade, sanidade e preservação ambiental, com mais segurança e tranqüilidade.
Reivindicações:
– Solução imediata para o caso da aftosa no Paraná.
– Renegociação de débitos dos produtores, com prorrogação de vencimento de parcelas vencidas e vincendas.
– Liberação de novos recursos nos moldes do financiamento concedido para retenção de matrizes.
– Apoio oficial à estruturação de cadastro nacional da produção de suínos.
– Liberação de recursos para ações e programas de defesa sanitária animal e proteção do rebanho suíno.
– Inclusão da carne suína na merenda escolar e nos programas de distribuição de alimentos à população carente e apoio oficial às campanhas de incentivo ao maior consumo interno do produto”.