Redação (04/03/2008)- Há mais de 20 anos o oeste catarinense reivindica uma
ferrovia intraterritorial de ligação oeste-leste para escoamento da produção
agroindustrial aos portos marítimos, em território catarinense.
Agora, o Paraná oferece uma alternativa que pode ser viabilizada mais
rapidamente: a construção de um ramal da Ferrovia do Oeste do Paraná
(Ferroeste), que, após a construção de uma extensão de Cascavel (PR) até
Maracaju (MS), ligará Santa Catarina ao Mato Grosso, passando pelo sudoeste e
oeste paranaense. O interesse catarinense nesse ramal é evidente: o estado
importa 5 milhões de toneladas de grãos do Paraná e do Mato Grosso do Sul.
Esse assunto foi discutido em concorrida reunião organizada pelo Conselho
Deliberativo da Associação Comercial e Industrial de Chapecó (Acic) que, na
última sexta-feira, reuniu cerca de 300 líderes políticos e empresariais das
três regiões interessadas no projeto: o oeste de Santa Catarina, o oeste e o
sudoeste do Paraná e o sul do Mato Grosso do Sul.
Parlamentares federais e estaduais, prefeitos e vereadores, empresários e
investidores prestigiaram o encontro, entre eles os prefeitos de Chapecó João
Rodrigues, de Ampere (PR) Roberto De Toni e de Maracaju (MS) Maurílio Ferreira
Azambuja; o secretário regional Luciano Buligon, o secretario da agricultura do
PR Valter Bianchini; os deputados catarinenses Cláudio Vignatti, Valdir
Colatto, Celso Maldaner, Gelson Merísio, Pedro Uczai, Dirceu Dresch, e
paranaenses Assis de Couto e Augustinho Zuchi.
O presidente do Conselho Deliberativo da Acic, Gilson Carlos Confortin,
observou que os dois projetos são complementares: o ramal da Ferroeste permitirá
importar insumos e matérias-primas e a ferrovia leste-oeste facilitará as
exportações. Ambos os projetos permitirão conexão com portos catarinenses e
paranaenses.
O presidente da diretoria executiva, Vincenzo Francesco Mastrogiacomo,
destacou as dificuldades logísticas para todos os setores da economia e, em
especial, para as cadeias produtivas ligadas ao agronegócio, exclusivamente
dependentes do transporte rodoviário. O futuro cruzamento ferroviário permitirá
a integração e o intercâmbio de regiões de alta produção econômica e a
dinamização da economia dos três estados.
A indústria de carne de frango e suínos do oeste de SC é alimentada pelo
milho e soja produzido no Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, oeste e sudoeste do
Paraná. Estudos preliminares realizados pela Ferroeste e pela Secretaria de
Infra-estrutura de SC revelam que aproximadamente 5 milhões de toneladas são
transportadas por caminhões, o que aumenta os custos de produção. O custo final
é novamente onerado com o transporte das carnes em containeres frigorificados
até o Porto de Itajaí.
A combinação das duas novas obras ferroviárias reivindicadas possibilitará
que os insumos e os produtos industrializados passem a ser transportados por
trem, barateando os custos e aumentando a renda dos produtores.
A Ferroeste foi construída no período 1991-1994 pelos batalhões
ferroviários do exército brasileiro sediados em Lages (SC) e Araguari (MG) ao
custo de US$ 363 milhões de dólares, recursos do governo do Paraná. A linha
férrea possui 248 quilômetros que ligam Guarapuava a Cascavel, conectando o
centro oeste ao oeste do Paraná. Foi privatizada em 1996 e, depois,
desprivatizada, voltando ao controle estatal em dezembro de 2006.
O presidente da Ferroeste e principal palestrante do encontro, advogado
Samuel Gomes, disse que o primeiro desafio é obter o apoio do BNDES para os
estudos de viabilidade econômica e, depois, conseguir empenho dos deputados para
a inclusão de recursos no Plano de Aceleração do Crescimento (PAC) e a aprovação
para execução da obra pela iniciativa privada. Acredita que a obra poderá ser
realizada através de uma PPP (parceria público-privada), pois a demanda de
transporte ferroviária está comprovada através de levantamento das trocas
econômicas inter-regionais.
Gomes tranqüilizou os caminhoneiros e os empresários do transporte: uma
ferrovia não criará óbices aos transportadores, pois será ampliada a demanda por
roteiros de curta e média extensão. O Brasil deve adotar, no futuro, o sistema
intermodal dos países desenvolvidos no qual as longas distâncias são cobertas
por ferrovias ou hidrovias e, as pequenas (até 300 km) por caminhões. "A vida
dos caminhoneiros é desumana, eles levam o país nas costas ao custo de muito
sacrifício; não têm vida familiar, nem vida social. Mas isso vai mudar com a
ferrovia".
Ao final do encontro, o presidente da Acic Vincenzo Mastrogiacomo leu a
Carta de Chapecó, proclamando o apoio das três regiões à expansão da Ferroeste
para o sudoeste do Paraná e o oeste de Santa Catarina.
Três Estados juntam forças pela ferrovia Ferroeste em favor do Agronegócio
PR, MT e principalmente SC estão interessados no projeto que facilitará o transporte de grãos.