"O cultivo da cevada deve cair um pouco, mas é uma porcentagem irrisória. A safra de verão atinge 4 milhões de hectares, então, temos espaço para crescer a safrinha sem prejudicar culturas", observa Otmar Hubner, engenheiro agrônomo do Departamento de Economia Rural (Deral), da Seab. O que pode ocorrer, segundo ele, é que alguns produtores que até então optavam pelas plantas de cobertura apenas para não desgastar o solo, passaram para lavouras comerciais, atraídos pelos bons preços.
"Além de estarem sendo estimulados pelos preços atuais do trigo, os produtores também tiveram mercado favorável para o feijão, o milho e a soja, o que lhes dá maior segurança para a tomada de decisão", diz Hubner. O analista Elcio Bento, da Agência Safras e Mercados, afirma que o mercado do trigo oferece mais liquidez do que o do milho, embora os custos de produção sejam mais altos. "O trigo é mais resistente à seca e as previsões já indicam uma tendência de inverno mais seco na Região Sul", comenta.
De acordo com Otmar Hubner, os custos de produção do trigo subiram muito, o que estaria causando certa preocupação no setor produtivo. Segundo ele, os fertilizantes estão, em média, 55% mais caros do que no mesmo período do ano anterior, enquanto o preço da uréia subiu cerca de 25%. "As empresas justificam que a alta foi impulsionada pela alta cotação do petróleo e pelo aumento da demanda, que provocou a falta de matéria-prima. Mas isso impacta diretamente no custo porque o trigo usa muito fertilizante", diz.