Redação AI (17/02/06) – A excessiva demora do governo em aprovar e implementar um plano para a regionalização da avicultura brasileira causa grande preocupação em todo o setor avícola do país. “O avanço da Influenza Aviária em países da Ásia e da Europa demonstra que o Brasil precisa adotar, o quanto antes, um conjunto de medidas destinadas a prevenir o ingresso dessa doença no território brasileiro e, na hipótese de ela ocorrer, criar as condições para circunscrever e erradicar rapidamente eventuais focos”, disse ontem (16/02) o presidente da União Brasileira de Avicultura (UBA), Zoé Silveira dAvila, após encontro com o ministro do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, Luiz Fernando Furlan.
Para Zoé dAvila, o Brasil corre o risco real de ter interrompidas as suas exportações de carne de frango. “Sem a regionalização, e caso venham a aparecer entre nós ocorrências de Influenza Aviária, o setor da avicultura caminhará para um desastre, uma vez que muitos países deixarão de comprar os nossos produtos avícolas, havendo ainda a possibilidade de retração no mercado interno, com reflexos, inclusive, sobre o consumo de carne suína e bovina.” Atualmente, o país é o maior exportador mundial de carne de frango, vendendo para mais de 150 países.
O presidente da UBA lembrou que há dois anos o setor avícola brasileiro vem tentando sensibilizar o governo federal para a necessidade de dividir o Brasil em regiões sanitárias independentes, proibindo-se o trânsito de aves vivas para abate e descarte entre elas e tornando ainda mais rigorosas as precauções de caráter sanitário, inclusive nos portos e aeroportos. Tais medidas são necessárias para reduzir drasticamente as possibilidades de contaminação dos plantéis de aves. Além disso, se mesmo assim ocorressem casos de Influenza Aviária em determinada região, as outras poderiam continuar produzindo e exportando normalmente, já que estariam sanitariamente isoladas entre si.
Além de avistar-se com o ministro do Desenvolvimento, o presidente da UBA esteve com o Ministro da Agricultura, Roberto Rodrigues, e com o ministro do Planejamento, Paulo Bernardo. Com os três, tratou da questão da gripe aviária, abordou a ameaça de greve dos fiscais agropecuários das áreas de inspeção e defesa sanitária federal. Disse acreditar na boa vontade do Governo em atender às reivindicações dos fiscais e foi informado pelo ministro Paulo Bernardo que o assunto foi encaminhado à Ministra Dilma Roussef, da Casa Civil. “Uma eventual greve dos fiscais também afetaria fortemente as exportações e criaria problemas de logística, uma vez que a indústria de processamento tem um limite para sua capacidade de estocar a produção”, alertou o Presidente da UBA.
Em audiência com o ministro da Saúde, Dr. José Saraiva Felipe, o presidente da UBA relatou as ações da entidade visando às medidas preventivas e urgentes com relação ao risco de ocorrência de Influenza Aviária no País, ressaltando a importância da implementação de um Plano de Prevenção e Controle tanto da Doença de Newcastle como da Influenza Aviária no qual, um dos pilares se baseia na necessidade de Regionalização Sanitária da Avicultura Brasileira, com o objetivo de prevenir graves conseqüências, sociais e econômicas, caso ocorra foco em um determinado Estado. Salientou que as preocupações se estendem também aos riscos de uma epidemia humana e, nesse sentido, procurava uma colaboração estreita e permanente com o Ministério da Saúde, ressaltando que, protegendo o plantel avícola brasileiro, estávamos também garantindo a população brasileira contra esse perigo.