Redação (14/03/2008)- Uma medida pouco comum na agricultura da União Européia está prestes a acontecer: cortes nos bilionários subsídios. A redução atinge a ajuda concedida às plantações de matérias-primas usadas na fabricação de biocombustíveis. Com o alto preço dos alimentos nos mercados mundiais e a controvérsia em torno da eficácia ambiental do produto, o subsídio está sendo revisto.
O primeiro sinal dessa tendência partiu dos governos da França e da Alemanha, que decidiram eliminar as isenções fiscais que beneficiavam as empresas de biocombustíveis. Ontem foi a vez de a comissária européia de Agricultura, Mariann Fischer Boel, anunciar que irá propor o fim do chamado "subsídio energético".
Em pronunciamento feito em Bruxelas, Fischer Boel disse não considerar mais necessária a ajuda de 45 por hectare usado para a produção de combustíveis prevista na PAC (Política Agrícola Comum) da UE. No último orçamento europeu, a ajuda total aos agricultores soma 55 bilhões.
Fischer Boel reconheceu que a produção de biocombustíveis causa polêmica, que provoca divisões entre os que a consideram uma solução "genial" para o ambiente e os que atribuem ao setor males como a explosão atual nos preços de alimentos.
Ela lembrou que outros fatores devem ser levados em conta, como o aumento da demanda em países emergentes e as problemas nas colheitas causadas pelo mau tempo em locais como Austrália e EUA.
Para Fischer Boel, "biocombustíveis não são uma varinha mágica com a qual podemos resolver todos os nossos problemas". Ela disse, porém, que "eles são um instrumento valioso. Precisamos aprender a usá-lo da forma correta."
A comissária descartou mudanças na política européia de incentivo ao biocombustível. A UE estabeleceu a meta de reduzir em 20% a emissão de CO2 até 2020. Os biocombustíveis são parte importante dessa estratégia ambiental, pois mais de um quinto das emissões é feito pelos transportes. No período definido para a redução, 10% dos veículos terão de ser movidos a álcool.
"Nosso setor de transportes depende em 98% de petróleo importado", lembrou Fisher Boel. Ela considera um "cenário realista" prever que, até 2020, 15% das terras aráveis dos 27 países do bloco serão dedicadas ao biocombustível.
União Européia prepara corte de subsídio rural
Com o alto preço dos alimentos nos mercados mundiais e a controvérsia em torno da eficácia ambiental do produto, o subsídio está sendo revisto.